CPTM terá duas novas linhas e mais 16 estações nos próximos 8 anos

Companhia planeja ainda reformas nas paradas atuais, que devem ser acessíveis até 2014

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Por e Rodrigo Brancatelli
Atualização:

SÃO PAULO - A Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) faz 20 anos transportando a impressionante marca de 3 milhões de passageiros por dia, mais do que os metrôs de Paris, Buenos Aires, Santiago, ou mesmo Londres. Os números superlativos, no entanto, só acentuam um problema não resolvido até agora - ainda há duas CPTMs, aquela que funciona com ar-condicionado e estações novas; e outra com trens antigos e sem espaço para os passageiros.

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Para diminuir a distância entre essas duas realidades, a CPTM começa a implementar em 2012 o seu maior plano de ampliação e modernização desde que foi fundada, em maio de 1992. Até 2020, a companhia pretende construir mais duas linhas, com ao menos seis paradas no total, e outras dez estações nas linhas já existentes.

Isso sem contar as reformas que precisam ser feitas nas plataformas atuais. A CPTM promete ter as 89 estações acessíveis até 2014 - atualmente, são 37, com mais nove em obras e outras três em licitação para contratação das obras, que devem começar no ano que vem.

Além disso, o sistema está passando por obras de infraestrutura e modernização, para diminuir o tempo médio entre os trens dos atuais seis minutos para três minutos de intervalo - o que daria o várias vezes prometido "padrão de metrô" aos trens.

Técnicos da companhia comparam os serviços que têm de ser feitos com "trocar um pneu com o carro em movimento". O que faz sentido, se for pensada a velocidade com que a rede ganha usuários. Em 2005, a CPTM transportava menos da metade dos passageiros de hoje, 1,3 milhão de pessoas por dia.

"Só em 2011, crescemos quase 1 milhão de passageiros, o que dá a dimensão da importância da CPTM hoje no transporte da Região Metropolitana de São Paulo", diz Mário Bandeira, presidente da companhia. "Ainda temos muito problemas, somos um sistema aberto, então sofremos com muitas interferências externas, como lixo e chuva. E ainda há linhas que precisam de investimentos para chegar no patamar de qualidade das outras. O importante é que a CPTM chega aos seus 20 anos sabendo do seu papel no transporte público e o que fazer para melhorar."

Mais gente. O "boom" de passageiros tem três explicações: primeiro, a queda do desemprego da última década fez mais gente usar os trens para ir ao trabalho. Segundo, a integração tarifária com metrô e ônibus, o que tornou o sistema mais atrativo. O terceiro é o aumento das estações com baldeação, especialmente no metrô, que deixa a viagem mais rápida - e atrativa.

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O trabalho de modernização inclui tarefas aparentemente simples, mas que foram postergadas durante vários anos. Um exemplo é o isolamento das linhas. Só em 2010 é que a CPTM teve 100% dos trilhos cercados por muros e grades, o que evita a presença de pessoas nos trilhos e traz mais segurança à operação.

Outro problema que caminha para uma solução é a separação do transporte de passageiros do transporte de cargas. Boa parte das linhas da CPTM é compartilhada. Fora dos horários de pico, os passageiros têm de esperar trens que vêm do interior ou de outros Estados passar pela região central da cidade no caminho até Santos. Há quatro semanas, houve as primeiras reuniões entre a companhia e a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) para definir como será feito o Ferroanel (um leito de trilhos ao redor da Região Metropolitana). Mas ainda não há data para que as obras comecem.

Quem utiliza a rede vê algumas melhorias, especialmente na qualidade dos trens, ainda mais quando se leva em conta a comparação do serviço de hoje com o do começo da década passada. Mas reclama da superlotação, cada vez maior. "Não tem mais buraco no piso do vagão, o ar-condicionado deixa o trem silencioso. Mas não me sentia tanto em uma lata de sardinha antigamente", diz o industriário Marcos Araújo, de 32 anos, usuário da Linha 9-Esmeralda.

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