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Consumo médio de crack é de 1 tonelada/dia e sistema de saúde atende 250 mil usuários por mês

Estudo da Comissão de Segurança da Câmara dos Deputados aponta gasto diário de R$ 25, no mínimo, por dependente

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Por Redação
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Estimativas da Comissão de Segurança da Câmara dos Deputados e da Polícia Federal indicam que os brasileiros consomem, todos os dias, cerca de 1 tonelada de crack. E os números podem estar subestimados, uma vez que consideram o universo de apenas 1,2 milhão de usuários de crack no País. Não há ainda dados oficiais sobre dependentes.Um relatório preliminar da Comissão de Segurança da Câmara, realizado com o apoio da Federação Nacional dos Policiais Federais e do SindiReceita, indica que hoje um quilo de pasta-base de cocaína produz quatro quilos de crack. E um quilo de crack fabrica 4 mil pedras, cada uma com 240 miligramas, em média. Pelo levantamento, fica desmistificada a ideia de que o crack é uma droga barata. Há a dependência de cinco, dez pedras diárias - e nenhum usuário gasta, por dia, menos de R$ 25 com o vício.Para consolidar pela primeira vez uma estimativa sobre o uso dessa droga no Brasil, especialistas levaram em conta um consumo diário, por pessoa, de quatro pedras. Esse estudo foi publicado pelo jornal O Globo. Mas dentro do próprio governo o tamanho dessa epidemia ainda é uma incógnita, embora agentes diretamente ligados aos usuários há meses convivam com as consequências do uso das "pedras" por todo lado.No primeiro semestre, o Planalto encarregou um grupo de cientistas da Fiocruz de preparar um mapeamento do crack no País. Mas a conclusão desse trabalho, se forem obedecidos os critérios tradicionais do trabalho de campo, só deverá ser apresentada no próximo semestre - talvez no fim de 2012.Pelo sertão. O consumo dessa droga derivada da cocaína - que dentro da Polícia Federal, encarregada do combate ao tráfico pesado, é vista simplesmente como mais uma apresentação da pasta de coca aditivada com solventes e outras substâncias prejudiciais à saúde - já se espalhou pelo fundão do País, de tal forma que é possível encontrar casos de consumidores em comunidades a milhares de quilômetros da cracolândia paulistana.O Estado já mostrou, em uma série de reportagens no mês de setembro, a chegada do crack ao interior.Essa crise está presente, por exemplo, nas praças e favelas de outros grandes centros urbanos, como Recife, e nas casas das periferias pobres de cidades pequenas, como Floresta (PE), no chamado Polígono da Maconha, e arredores. Embora só agora o governo lance seu programa, médicos, psicólogos e outros profissionais de saúde que trabalham nos hospitais interioranos já estão cansados de ver crianças, jovens e adultos se perderem fumando pedra, seja no cachimbo, como mostram as cenas mais conhecidas da cracolândia, seja na mistura dos pedaços de cocaína com tabaco e maconha, como denunciam, há meses, policiais acostumados com as apreensões de drogas no sertão.Atendimentos. Conforme dados divulgados ontem pelo Ministério da Saúde, entre 2003 e 2011, houve um aumento de dez vezes nos atendimentos no Sistema Único de Saúde (SUS) por causa da dependência química - foram de 25 mil por mês para 250 mil. Para atender a essa demanda, os Centros de Atenção Psicossocial para Álcool e Drogas vão passar a funcionar 24 horas por dia, a pedido da presidente Dilma Rousseff. De acordo com o ministério, a ampliação no horário - hoje os centros fecham geralmente às 18 horas - se dará de forma "gradual". Hospitais. O pacote contra as drogas, lançado ontem em um grande evento em Brasília, prevê ainda inauguração de enfermarias especializadas em hospitais do SUS, que servirão para atendimento e internação durante crises de abstinência e intoxicação. Além da criação de leitos, haverá mudanças na remuneração do serviço. O valor da diária de internação aumentará 250%, passando de R$ 57 para R$ 200. / PABLO PEREIRA e RAFAEL MORAES MOURA

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