Condephaat ''congela'' quarteirão do Itaim-Bibi que Prefeitura pôs à venda

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Por Rodrigo Burgarelli
Atualização:

O plano do prefeito Gilberto Kassab (PSD) de trocar um quarteirão de 20 mil metros quadrados no Itaim-Bibi por creches vai ter de esperar. O Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat)abriu processo de tombamento da área na zona sul da cidade. Enquanto seus estudos não forem concluídos, nenhuma modificação poderá ser feita.A decisão indica que o conjunto é importante e deve ser preservado enquanto um relatório final sobre tombamento é produzido. Não há prazo para conclusão dos estudos, mas há expectativa de que leve pelo menos um ano - cada um dos oito equipamentos públicos que funcionam ali será avaliado separadamente.Com isso, fica praticamente inviável o projeto de Kassab de trocar o terreno - avaliado pelos técnicos em R$ 230 milhões - por 200 creches. A Prefeitura diz que não foi notificada da decisão, mas que os trâmites burocráticos vão continuar. Ainda há planos de se trocar dois outros imóveis municipais por creches, mas o total de unidades não deverá ser suficiente para cumprir a promessa de zerar o déficit na rede.Moradores e entidades do bairro comemoraram a decisão. "O quarteirão tem valor excepcional", disse Jorge Eduardo Rubies, presidente da Preserva São Paulo, entidade que protocolou o pedido de tombamento. Ele diz que dois imóveis se destacam no conjunto: a creche Santa Tereza de Jesus - que funciona na antiga casa de campo dos Coutos de Magalhães, um casarão de um século - e a Biblioteca Anne Frank - fundada em 1949 como o primeiro prédio modernista fora do centro.Jorge acredita, porém, que a maior singularidade do quarteirão é o fato de ele ser um dos raros representantes do conceito "escola-parque" em São Paulo. "Foi uma filosofia pensada na década de 1940, que defendia colocar no mesmo local escolas, bibliotecas, teatro, posto de saúde, esporte, tudo em meio a uma vegetação exuberante."Lembrança. Quem se lembra do surgimento disso tudo é Helcias Bernardo de Pádua, presidente do Grupo Memórias do Itaim. Ele chegou ao bairro em 1947 e frequentou o quarteirão dos 4 aos 11 anos, quando o terreno era apenas um parque municipal com a biblioteca montada na casa dos Coutos de Magalhães. "É uma vitória de toda a comunidade."

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