Comércio no térreo faz morador ser cliente

Restaurante em Higienópolis segue normas do condomínio e atrai clientela de prédio

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Por Adriana Ferraz
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O Edifício Paquita, construído na década de 1950 no melhor estilo modernista, ganhou cinco novos “moradores” em fevereiro. Diferentemente dos demais ocupantes dos 54 apartamentos, os sócios do Modi Gastronomia não passaram do térreo. Mas, apesar de não dividirem o mesmo elevador, os proprietários do restaurante, localizado em Higienópolis, região central da cidade, seguem as normas do condomínio e também a velha política da boa vizinhança.

Prédio erguido nos anos de 1950, em estilo modernista, já teve cabeleireiro, padaria e salão de beleza Foto: Werther Santana/Estadão

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Até agora tem dado certo. Pelo menos é o que afirma Daniella Angelotti. Para garantir o bom entrosamento com os vizinhos, ela e os outros sócios abriram mão de algumas facilidades que poderiam ofertar aos clientes, como valet na porta e área de fumantes na calçada. “Também não colocamos mesa e cadeiras do lado de fora e só usamos uma das portas a que temos direito”, diz.

O sucesso é resultado, segundo Daniella, de muita conversa. “Tudo é combinado. O adesivo que colamos na janela, por exemplo, com o nome do restaurante, teve a aprovação do condomínio. O resultado é que quase todos os moradores são nossos clientes. A gente até brinca. Pergunta se eles pegaram trânsito no elevador para chegar.” Paula Zemel, de 38 anos, é uma das clientes mais assíduas. Moradora do último andar, a arquiteta considera um privilégio morar em um prédio que tenha restaurante no térreo. “Espero que o Plano Diretor mude nossa cidade para melhor. Como moradora, sou super a favor, e como arquiteta, também. Sei das facilidades. Como não cozinho, faço meus almoços com os amigos no restaurante. É muito pratico. Só o café acaba sendo lá em casa”, diz.

O Modi Gastronomia é o quarto ponto comercial instalado no Edifício Paquita. Quem ocupou o espaço por mais tempo foi um salão de cabeleireiro. “Minha avó nem lavava o cabelo em casa. Era só no salão”, lembra Paula. Uma distribuidora de vinhos e uma padaria, comandada pelo chef Olivier Anquier, foram os outros locatários.

Harmonia. Saber fechar as portas na hora certa, para não atrapalhar o sono dos moradores, é outra medida considerada essencial para manter a harmonia entre os usos residencial e comercial. Oferecer acessos exclusivos tanto para clientes como para moradores também é obrigatório. As portarias precisam ser distintas para a integração funcionar e, mesmo assim, há risco de haver problemas.

Em Perdizes, na zona oeste, os proprietários dos apartamentos construídos no cruzamento das Ruas Cardoso de Almeida e Caiubi convivem bem com o funcionamento de uma farmácia, um salão de beleza e um café instalados no térreo dos edifícios. No entanto, sempre há reclamações. O corretor de imóveis Sérgio Gomes, de 66 anos, conta que soube de um vizinho que resolveu mudar de endereço por causa do café.

“Ele vivia no primeiro andar e dizia que o calor da cozinha deixava o imóvel quente. Era isso que o incomodava, mais do que o barulho”, diz. Segundo Gomes, quem compra um apartamento em um prédio com comércio no térreo deve se atentar para o perfil do estabelecimento. “Um café é bem diferente de um bar, especialmente no que diz respeito ao barulho, mas tem gente que não se acostuma.”

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