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Comerciantes temem prejuízo e moradores reclamam de medida

Para subgerente de pizzaria dos Jardins, multa é ‘covardia’; em Perdizes, química vê ação inconstitucional

Por Barbara Ferreira Santos
Atualização:

Comerciantes e moradores de bairros nobres da capital reclamaram da multa sobre o aumento do consumo. Para a química Lilian Duarte, de 54 anos, moradora de uma casa em Perdizes, na zona oeste da cidade, a medida é “inconstitucional”. “O governador vai ter de brigar com o povo. Eles não fizeram nada para prevenir a crise e agora querem cobrar desse jeito?” 

Ela diz que adotou medidas para diminuir o consumo, como o reaproveitamento da água da máquina de lavar roupa. “Consegui ter bastante desconto. Mas agora, com a multa, vou ser penalizada se em um mês não economizar tanto?”.

Lilian diz que tem adotado medidas para poupar água em casa Foto: Alex Silva/Estadão

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Já comerciantes da região dos Jardins, na zona sul, preveem prejuízos com a medida. Subgerente de uma pizzaria, Marcos Baptista Barbetti, de 47 anos, ficou surpreso com o anúncio do governo. Ele diz que é nesta época de fim de ano que o local tem o maior movimento. “Com mais clientes, não tem jeito, o consumo de água aumenta”, afirmou.

Mãos atadas. Para Barbetti, a medida do governo é uma “covardia” que deixará os comerciantes “de mãos atadas”. “A gente está fazendo tudo o que é possível, economizando como dá, mas o impossível não dá para fazer.”

Dono de uma lavanderia nos Jardins, José Abussamra diz que deve ter um aumento de consumo de água exatamente por causa da crise do Cantareira. “Sem poder lavar roupa em casa, as pessoas trazem para a lavanderia.” Embora o local faça lavagens a seco, o item mais lavado são as camisas sociais, que são limpas com água. 

Abussamra afirma que vai passar a calcular se valerá a pena pagar a multa ou diminuir a capacidade de atendimento. “Não posso negar clientes. Talvez seja melhor pagar a multa”, diz. “Vai afetar todo mundo.”

Para o empresário Bruno Loiola, dono de um bar perto da estação da Sabesp nos Jardins, essa é a pior crise de água já enfrentada pelo seu estabelecimento. “Em bar não tem como fazer mais redução de água. A gente reduz como dá, mas, se aumentar o movimento em um mês, crescerá o consumo, levaremos multa e a situação vai ficar ainda pior.” 

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