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Começa julgamento de skinheads acusados de agredir quatro pessoas em Jornada Antifascista

Na época, duas pessoas ficaram gravemente feridas, entre elas Isaías Lázaro Lopes, que foi esfaqueado na testa e teve o crânio perfurado. Julgamento deve durar de 3 a 4 dias

Por Laura Maia de Castro
Atualização:

SÃO PAULO - Começa nesta terça-feira, 1, o julgamento de quatro supostos skinheads acusados de agredir com facas, tacos de beisebol e socos ingleses quatro pessoas durante a Jornada Antifascista, em fevereiro de 2011, no centro da capital paulista. O evento, organizado por anarcopunks, estava em sua 11.ª edição e homenageava o adestrador Edson Neri, assassinado por skinheads na Praça da República em fevereiro de 2000. Duas pessoas ficaram gravemente feridas, entre elas Isaías Lázaro Lopes, que foi esfaqueado na testa e teve o crânio perfurado.

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O início do julgamento está previsto para as 13 horas, no Fórum da Barra Funda, na zona oeste, e a expectativa é de que dure de três a quatro dias. Jorge Gonzalez, Milton Gonçalves do Nascimento, Raphael Dierings e Rogério Moreira são acusados de tentativa de homicídio triplamente qualificado, formação de quadrilha e corrupção de menores. Se considerados culpados, os réus podem ser condenados de 12 a 30 anos de prisão por cada vítima. O único réu que responde ao processo preso é Moreira, por causa de um homicídio cometido anteriormente - pelo qual já foi condenado em 1ª instância. 

De acordo com o promotor de Justiça Fernando Cesar Bolque, 24 testemunhas do Ministério Público e da defesa foram arroladas para esta terça-feira. "Acredito na condenação por causa das provas que temos. Eles foram encontrados com todos os objetos, e alguns deles declararem que fazem ou fizeram parte de grupos de skinheads. Também temos imagens deles no Parque Dom Pedro", disse o promotor. Ainda de acordo com Bolque, os réus alegam que foram atacados por populares na rua.

Caso. No dia 26 de fevereiro de 2011, cerca de 25 pessoas assistiam às apresentações de bandas punks em um prédio na Rua das Carmelitas, no centro de São Paulo, durante o evento Jornada Antifascista. Um grupo de cerca de dez skinheads atacou primeiro o deficiente físico Marcio da Silva de Oliveira, na época com 25 anos, com um taco de beisebol e socos ingleses. Segundo o promotor Bolque, os criminosos tentaram ainda tirar a perna mecânica de Oliveira, o que gerou revolta das outras pessoas que estavam ali.

O grupo foi caminhando em direção ao Terminal Parque Dom Pedro, onde câmeras de segurança gravaram os acusados "enfileirados" e, depois do confronto com outras pessoas, guardando objetos dentro de um case de violão. Após as agressões, eles tentaram fugir, mas Gonzalez, Nascimento, Dierings e Moreira foram presos com os objetos no terminal. Um adolescente, na época com 17 anos, também foi detido e cumpriu um ano de pena na Fundação Casa.

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