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Com risco de cair, passarela do Aeroporto de Congonhas será interditada

Estrutura de arquiteto centenário será substituída por outra provisória; setor privado vai financiar nova passagem

Por Rafael Italiani
Atualização:

SÃO PAULO - No ano do centenário do arquiteto João Batista Villanova Artigas (1915-1985), a Prefeitura de São Paulo vai interditar a passarela projetada por ele e que dá acesso ao Aeroporto de Congonhas, na zona sul, porque 50% do corpo metálico está comprometido e com risco de cair sobre a Avenida Washington Luís, na zona sul de São Paulo. 

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Uma passagem temporária para pedestres vai ser instalada enquanto uma nova, financiada pelos setores hoteleiro e da aviação, será construída. Por dia, cerca de 3 mil pessoas passam sobre a estrutura comprometida batizada de Comandante Rolim Amaro. 

Nesta sexta, técnicos e engenheiros da Secretaria de Coordenação das Subprefeituras estiveram no local para escorar a passarela. Na quinta-feira, 10, Luiz Antonio de Medeiros, secretário da pasta, recebeu um documento detalhando os riscos de manter a estrutura. A passarela atual ficará aberta enquanto a Prefeitura ergue a provisória. Com esta pronta, a antiga será fechada e sua estrutura metálica retirada.

Passarela Comandante Amaro Rolin, que fica sobre a Av. Washington Luiz em frente ao Aeroporto de Congonhas, está com 50% da estrutura metálica comprometida Foto: Hélvio Romero/Estadão

A passagem provisória ficará ao lado e será equipada de rampas e elevadores de acesso. “(O escoramento) Está sendo feito em regime de urgência porque eu recebi um laudo dizendo que a queda é iminente. Não posso deixar para outro dia”, explicou Medeiros. Ele garantiu que engenheiros da secretaria vão ficar de plantão 24 horas por dia no local até que a obra provisória esteja pronta. 

Medeiros disse que a nova estrutura também terá cobertura e elevadores de acesso. Mesmo sendo diferente do original, ele afirmou que o projeto de Artigas será mantido. O Aeroporto de Congonhas é tombado pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp), o que inclui também a área em volta do terminal aeroviário. 

No entanto, a secretaria informou que a passarela não está tombada. De acordo com o secretário Medeiros, a nova passarela vai custar cerca de R$ 3,5 milhões.

A troca da estrutura foi prometida pela gestão Fernando Haddad (PT) em 2014, quando os mesmos danos já haviam sido constatados. A Prefeitura prometeu abrir a licitação, o que não foi feito. 

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Passarela Comandante Amaro Rolin, que fica sobre a Av. Washington Luiz em frente ao Aeroporto de Congonhas, está com 50% da estrutura metálica comprometida Foto: Hélvio Romerto/Estadão

Em 2005, o ex-prefeito José Serra (PSDB) havia aceitado um projeto da iniciativa privada para reformar a estrutura. No ano de 2010, durante a gestão de Gilberto Kassab (PSD), o Ministério Público Estadual (MPE) exigiu que o projeto não fosse levado adiante e entrou com uma ação civil pública contra a Prefeitura. De acordo com os promotores, a nova passarela beneficiaria o Hotel ibis, que fica próximo ao aeroporto. 

História. A passarela foi inaugura em 1974 e nunca passou por nenhum tipo de reforma. O desenho foi elaborado por Vilanova Artigas, um dos principais nomes da arquitetura brasileira. Ele é responsável por outras importantes estruturas da capital como o Estádio Cícero Pompeu de Toledo, o Morumbi, e o edifício da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP).

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