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Com calor e consumo alto, cidades reforçam economia de água

Mesmo com reservatórios cheios em função das recentes chuvas, municípios do interior de São Paulo mantêm medidas restritivas

Foto do author José Maria Tomazela
Por José Maria Tomazela
Atualização:

SOROCABA - O calor forte e o aumento no consumo estão levando cidades das regiões de Sorocaba e Campinas, no interior de São Paulo, que sofreram com a falta de água em 2014, a manter medidas de economia mesmo com os reservatórios cheios em função das chuvas. Os municípios querem evitar o risco de novos racionamentos caso a temporada chuvosa deste ano seja curta. Em algumas cidades, até o rodízio continua mesmo com água à disposição. Moradores também mudaram hábitos e reduziram o consumo. 

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Em Valinhos, os 102 mil habitantes já se acostumaram a ficar sem água nas torneiras durante 18 horas em dois dias da semana. O rodízio, o mais longo do Estado, iniciado em fevereiro de 2014, foi mantido apesar das chuvas terem recuperado o nível dos mananciais.

De acordo com o Departamento de Águas e Esgotos de Valinhos (DAEV), a medida é necessária porque 50% da cidade depende das águas do Rio Atibaia para abastecimento. O rio é formado pela vazão efluente (de saída) do Sistema Cantareira, que continua com nível muito crítico. Na cidade, quem desperdiça água é multado em cerca de R$ 360. Desde o início do racionamento foram aplicadas mais de 500 multas, mas a cidade reduziu em 25% o consumo de água.

Em 2014, na pior crise hídrica de sua história, apopulação de Itu enfrentavalongas filas para conseguir água Foto: Hélvio Romero/Estadão

Itu. Em Itu, os moradores ainda mantêm hábitos de economia adquiridos durante dez meses de racionamento drástico, em 2014. A comerciante Maria Marlene, de 56 anos, moradora do bairro Cidade Nova, mantém a caixa reserva de 500 litros sempre cheia.

Maria também não se desfez dos baldes e bacias comprados na época da crise e se acostumou a usar a água da máquina de lavar roupas para higienizar os banheiros. "A gente espera que aquela situação não se repita, mas é melhor ficar prevenida", disse.

O racionamento foi suspenso no início de dezembro, mas não se vê morador lavando carro ou calçada na rua. Quando o fazem, é com água já usada. Os reservatórios, que chegaram a secar no auge da estiagem, estão agora com 90% da capacidade. Mesmo assim, o comitê de gestão da água criado durante a crise, continua monitorando o consumo e as ações da concessionária.

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A multa instituída pela Justiça de R$ 500 por moradia ou comércio que ficar sem água mais de 48 horas, a ser paga pela prefeitura e pela concessionária, ainda está em vigor. 

Salto. Mesmo com todos os mananciais usados para abastecimento em nível normal e os reservatórios bem abastecidos, o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) de Salto lançou uma campanha contra o desperdício, com folhetos distribuídos nas ruas, outdoors e veiculação em rádios e jornais.

Um carro de som percorre a cidade alertando para a existência de uma lei municipal de 2012 que pune com multa de R$ 241 quem lava calçadas, carros ou de alguma forma desperdiça água. Campinas e Piracicaba também realizam campanhas para economia de água.

Alerta. Mesmo com as chuvas, o Rio Camanducaia, um dos formadores da bacia do Piracicaba e que terá um reservatório de apoio ao Sistema Cantareira, entrou em nível de alerta nesta segunda-feira, 12, por ter vazão abaixo de 2 metros cúbicos por segundo. No início da tarde, a vazão era de 1,82 metro cúbico por segundo no ponto de captação conhecido como Dal Bo, em Jaguariúna.

Resolução conjunta da Agência Nacional de Águas (ANA) e do Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE) estabelece redução de captação quando o nível passa do estado de alerta para o de restrição. A medida ainda não está oficialmente em vigor: a resolução deve ser publicada nesta semana, segundo a ANA.

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