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Circuito das Compras? Plano tem. Falta o resto

Prefeito lança projeto que liga Brás, Sé, Bom Retiro e Santa Ifigênia. Mas sem prazo

Por Nataly Costa
Atualização:

Imagine ligar quatro grandes áreas comerciais de São Paulo - Brás, Bom Retiro, Santa Ifigênia e Sé - por redes exclusivas de ônibus e vans e construir entre elas praças de alimentação, bolsões de estacionamento, lugares para guardar sacolas e hotéis para turistas. De quebra, ainda transformar a atual Feira da Madrugada, famosa pela pirataria e pelos confrontos entre camelôs e policiais, em um shopping popular. Orçado em R$ 250 milhões, o Circuito das Compras foi lançado ontem pela Prefeitura. Mas não tem prazo para ficar pronto."Tenho expectativa de que algumas transformações aconteçam já no início do ano que vem. Mudanças mais drásticas ficarão para um segundo momento", prometeu ontem no Brás o prefeito Gilberto Kassab (DEM). A proposta é mais um projeto de revitalização do centro e uma nova tentativa de legalizar o comércio de rua da região. Em 60 dias, deve ser publicado um edital para a concessão à iniciativa privada da exploração da Feira da Madrugada, já como shopping.No projeto divulgado ontem pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico e do Trabalho em parceria com a Secretaria de Coordenação das Subprefeituras, a região que hoje compreende a Feira ganhará de volta o nome de Pátio do Pari. Será um complexo de compras com três andares, duas torres comerciais, um hotel de 15 andares, mais de 15 mil m² de boxes e 37 mil m² de lojas. No meio de tudo isso, sete torres residenciais com 280 apartamentos e três novas ruas, que demandarão desapropriações "para facilitação de acesso". O projeto não especifica , porém, quantos terrenos terão de ser desapropriados nem quais serão os prazos e locais. Questionado sobre o assunto, o secretário de Desenvolvimento Econômico, Marcos Cintra, contradisse o próprio plano e afirmou que não existirão quaisquer desapropriações "adicionais". Controle. Agora sob controle da Prefeitura, a Feira da Madrugada funcionava até novembro sem alvará em um terreno do governo federal, que deve ser doado oficialmente ao Município. Os cerca de 10 mil "permissionários" pagavam uma espécie de aluguel à empresa GSA, que administrava o local. Hoje, Ailton Vicente de Oliveira apresenta-se como uma espécie de "síndico" do local. "Custa R$ 1,2 milhão manter isso aqui. Existe um rateio por parte dos comerciantes, porque tem gente trabalhando na limpeza, na portaria. Nós fazemos a gestão do rateio", conta ele.Kassab diz, entretanto, que a partir de agora está proibida qualquer cobrança de taxa, já que todos os serviços - da segurança à limpeza - estão sob responsabilidade do poder municipal. "A Prefeitura assumiu 100% (dos custos) até que o projeto seja concluído. É uma cruzada minha. Não será admitido cobrar por nenhum serviço."A Prefeitura promete espaço para "todos os comerciantes", embora o projeto só contemple lugar para 4 mil deles no Pátio do Pari e mais 1,5 mil em um outro centro de compras que será construído no fim da Rua 25 de Março. Já há 4,7 mil comerciantes pré-cadastrados. Parceria. Os trabalhadores também já pedem participação na administração do futuro shopping. "Queremos administração compartilhada. Não dá para fazer projetos e deixar o trabalhador fora do processo", afirma Erivan Menezes, que há cinco anos tem dois pontos na Feira da Madrugada.

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