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Polícia prende suspeitos de sequestrar família de empresário coreano

Segundo informações dos policiais, dos cinco detidos, três já foram reconhecidos pelas vítimas; crime aconteceu no dia 23 de julho

Por Felipe Resk
Atualização:

Atualizado às 21h28

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SÃO PAULO - A Polícia Civil prendeu na noite desta segunda-feira, 3, três suspeitos de envolvimento no sequestro da família de um executivo sul-coreano da Hyundai, ocorrido há cerca de duas semanas. Apontados como integrantes de uma quadrilha especializada em roubos e furtos, eles tiveram a prisão temporária decretada - e os policiais suspeitam que o grupo tenha participado de mais de cem ocorrências só nos últimos quatro meses. Um quarto assaltante foi identificado, mas está foragido. Os investigadores ainda procuram informações sobre mais dois possíveis participantes do bando.

O crime envolvendo o empresário de 41 anos aconteceu no dia 23 de julho na Rodovia Hélio Smidt, em Guarulhos, após o executivo sair do Aeroporto de Cumbica, com a mulher e dois filhos. Ele dirigia para Campinas, onde mora, quando foi surpreendido por quatro homens em um carro preto, equipado com luzes estroboscópicas e sirene. Usando coletes escrito Polícia, os assaltantes mandaram o empresário encostar o veículo. Ao perceber que se tratava de uma falsa blitz, o executivo reagiu. Segundo a polícia, ele entrou em luta corporal com Armando Tomio Shuto Júnior, conhecido como Japa, de 22 anos. Quando estava fora do carro, o empresário teria visto Leonardo Alcântara Alves, o Léo, de 19 anos, assumir o volante e arrancar, com a família ainda dentro. Outros dois criminosos fugiram no carro que já estavam dirigindo. Os bandidos só abandonaram o veículo e libertaram a família no Parque São Jorge, na zona leste. Três das cinco malas foram roubadas. Após o assalto ao executivo coreano, policiais do Departamento de Capturas e Delegacias Especializadas de São Paulo (Decade) passaram a analisar imagens do circuito de segurança do Aeroporto de Cumbica. Ao levantarem a imagem, perceberam que o "Japa" atuava como um espécie de olheiro, selecionando as vítimas no Terminal 3 do aeroporto, destinado para voos internacionais.

"Ele ficava no saguão apontado, principalmente nos voos da Coreia do Sul e Japão, quem trazia mala, quem podia estar com dólar, e apontava para os comparsas lá fora", afirmou o delegado Osvaldo Nico Gonçalves, diretor do Decade. Depois, os criminosos se passavam por policiais para abordar as vítimas e roubá-las.

Os suspeitos foram presos à noite enquanto se reuniam em uma adega no Itaim Paulista, na zona leste da capital. Segundo a Polícia Civil, eles estariam organizando um novo ataque e teriam confessado o sequestro da família do empresário coreano. Ao todo, seis pessoas que participavam do encontro foram levadas para a delegacia. Três delas, no entanto, não foram reconhecidas pelas vítimas. O terceiro preso é Vinícius Silva Moraes, de 28 anos.

Com base no depoimento dos suspeitos, os policiais identificaram ainda Thainã Rios da Silva, de 22 anos, que também teve a prisão temporária decretada, mas está foragido. Os policiais acreditam que mais duas pessoas participam do bando, mas ainda não identificadas. Com os suspeitos, foram recuperados apenas livros escolares, mangás e pertences das crianças e devolvidos às vítimas. Nenhuma arma foi encontrada.

Quadrilha. Os policiais levantaram em diversas delegacias da região 136 ocorrências de roubo e furto em circunstâncias semelhantes nos últimos quatro meses. A suspeita é que os crimes tenham sido cometidos pela mesma quadrilha, que, de acordo com a polícia, atuava em diversas rodovias, como a Presidente Dutra e Fernão Dias. "Acredito que com a prisão deles, nós vamos esclarecer mais de 130 casos que aconteceram na redondeza", disse Nico Gonçalves. Segundo o delegado, todas as vítimas serão chamadas para fazer o reconhecimento dos suspeitos.

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"Léo" é apontado pelos investigadores como o líder da quadrilha, por dois motivos: o nível de detalhamento das ações criminosas informado em depoimento à polícia e por ter sido reconhecido por pelo menos quatro vítimas de outros ataques - um sinal de que ele seria o mais proativo do bando.

Ele e Silva já tinham passagem por tráfico de drogas, segundo a Polícia, enquanto o "Japa" foi pego anteriormente por furto. "Ele (Japa) mora muito bem, na Aclimação e, segundo os familiares, não precisa praticar roubo nenhum - tem condições financeiras de viver sua vida, mas escolheu partir para o crime", afirmou o delegado do Decade.

"A Polícia Civil está atenta e analisando aquelas pessoas com procedimentos estranhos", afirmou o secretário de Segurança Pública, Alexandre de Moraes. "O Aeroporto de Guarulhos é seguro. As quadrilhas que pensem em atuar aqui podem ter a absoluta certeza de que serão presas."

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