Cinco mortos na chacina do Jaçanã são enterrados no mesmo cemitério

Amigos de infância, duas das vítimas foram veladas e enterradas no mesmo jazigo

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Por Priscila Mengue
Atualização:

SÃO PAULO - Cinco dos seis mortos na chacina do Jaçanã foram enterrados na manhã desta quinta-feira, 6, no Cemitério Parque dos Pinheiros, na Vila Nova Galvão, zona sul de São Paulo. Segundo uma moradora que preferiu não se identificar, o balconista Gilmar Vieira da Silva, de 39 anos, foi velado na capela principal do local juntamente com Wellington Claudino de Souza, de 35 anos, conhecido pelo apelido de Neguinho.

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Os dois eram amigos de infância e dividirão também o mesmo jazigo. Em outras duas salas do cemitério foram realizados os velórios do jardineiro Adriano dos Anjos da Silva, de 39 anos, chamado por amigos de Mamão, e do marceneiro Valdir Pereira de Souza, de 46 anos, que trabalhava medindo o balcão do bar na hora do ataque.

Como não havia mais espaço disponível no local, o dono de uma empresa de organização de festas Sidnei Rodrigues Cordeiro, de 38 anos, foi velado na casa em que residia com a mãe, a cerca de 350 metros do bar em que ocorreu o tiroteio no Conjunto Habitacional Jova Rural.

A sexta vítima da chacina, o segurança noturno Fernando, com idade e sobrenome não divulgados, deve ser enterrado em Taboão da Serra em um jazigo da família. Segundo relatos, ele estava de folga na noite em que morreu. Um funcionário do cemitério relatou ao Estado que todas as 50 vagas do estacionamento do cemitério estavam ocupadas nesta manhã por causa da grande quantidade de visitantes, muitos dos quais procurando mais de uma família. O clima estava "devastador", relatou.

Cinco vítimas foram enterrados no Cemitério Parque dos Pinheiros, na Vila Nova Galvão, distrito de Jaçanã, na zona norte Foto: Priscila Mengue/Estadão

"A gente queria que todos fossem enterrados juntos, no mesmo lugar: eles se conheciam, cresceram juntos, estavam se divertindo, comemorando o aniversário de um amigo, como todo mundo faz", disse uma vizinha próxima das vítimas. De acordo com ela, não se sabe o motivo do ataque. "Eram todos pais de família, tudo trabalhador. O Adriano era o único que tinha passagem pela polícia, mas já tinha cumprido a pena dele, também estava trabalhando. Esperamos que os rapazes que sobreviveram nos ajudem a descobrir o que aconteceu. Eles são a esperança do bairro", comentou.

Segundo uma moradora, a esposa do balconista Silva, Suélen, está “uma tristeza só”, tendo desmaiado três vezes durante o velório. Dona de casa, a mulher cuida dos três filhos do casal - Nicole, de 14 anos, Cauã, de 12, e Adriano, de dois - enquanto o marido era responsável pelo orçamento familiar. “O clima está muito pesado. Ninguém esperava isso, porque era um bairro sossegado e o bar era familiar, não era um boteco só de homens. Nos domingos principalmente sempre estava cheio de mulheres e crianças, todo mundo junto”, comenta ela, que diz estar insegura com o ambiente no bairro agora. “Meu filho estuda de noite, chegou bem pouco antes de tudo. Ficamos muito chocados.”

Uma vizinha do bar afirma que o local costuma colocar mesas dos dois lados da rua, as quais reuniam, no momento do ataque, cerca de 30 pessoas. Dentro do estatabelecimento, quatro das seis vítimas jogavam bilhar, tendo elas fugido para o banheiro mais próximo no momento do ataque. “Dizem que eles até estavam segurando os tacos na hora que acharam os corpos. Aquilo só não foi uma matança maior porque todo mundo correu”, relata.

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Zona sul. Uma das três vítimas dos ataques realizados no distritito de Campo Limpo, Vinicius Guedes, de 19 anos, estava com enterro marcado para a manhã desta quinta-feira, no Cemitério Parque Paulista, localizado na Rodovia Régis Bittencourt. Ele era casado e tinha um filho de oito meses.

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