Cinco funcionários do Detran são presos por corrupção em São Paulo

Funcionários eram pagos para ‘limpar’ documentação e facilitar transferências em novo sistema

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Por Bruno Ribeiro
Atualização:

SÃO PAULO - As medidas administrativas anunciadas em março para livrar o Departamento Estadual de Trânsito (Detran) da corrupção ainda não acabaram com os esquemas de fraude dentro do órgão. Cinco funcionários do departamento foram presos anteontem pela Polícia Civil em uma operação contra vários tipos de golpe. Outros oito servidores - e cinco despachantes - também são investigados.

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Em um dos esquemas, segundo a Polícia Civil, funcionários do Centro de Processamento de Dados (CPD) permitiam a transferência de carros da capital para outras cidades sem que eles tivessem feito a inspeção veicular ambiental.

Em outro, agentes do setor de Registro Nacional de Veículos (Renavan) permitiam que carros com perda total, enviados a leilão, tivessem a documentação transferida para outros Estados - o que "esquentava" a papelada de veículos que não poderiam mais circular. Os carros, então, eram revendidos para compradores que não sabiam nada sobre o golpe.

Além de servidores dos dois setores, agentes da área de protocolo do Detran também foram detidos - mas acabaram liberados após interrogatório, por falta de provas. Nenhum servidor teve o nome divulgado pelo governo do Estado. Os presos serão acusados de formação de quadrilha e de corrupção passiva.

Dinheiro. O delegado Anderson Giampaoli, um dos coordenadores da operação, diz que despachantes que enviavam processos ao setor de protocolo já colocavam, no envelope, o valor da propina - que variava da R$ 30 a R$ 70. Os agentes do protocolo, segundo ele, repartiam o dinheiro recolhido com os setores que recebiam os processos.

A polícia encontrou R$ 12 mil no CPD. O dinheiro seria referente a propina recolhida apenas anteontem. Os cinco presos eram desse departamento. Além deles, outros três funcionários de lá são investigados. É metade do setor, que tem 15 pessoas.

A investigação começou em setembro, com três denúncias de corrupção apuradas pela Corregedoria-Geral da Administração do Estado. Como o órgão suspeitou que, além de delitos administrativos, havia a ocorrência de crimes, a Polícia Civil foi acionada e fez as prisões.

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A operação foi deflagrada no final da tarde de anteontem, mas o caso só foi divulgado ontem, em uma entrevista coletiva ocorrida na própria sede do Detran, onde ocorreram as prisões, na Rua Boa Vista, no centro.

O presidente da Corregedoria-Geral, Gustavo Ungaro, disse que os investigados serão demitidos. A Corregedoria vai criar, nos próximos dias, um setor específico para investigar o Detran. Nem Ungaro nem Giampaoli, porém, deram garantias de que o Detran está livre de outros esquemas.

 

Atualizado às 23h56

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