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Tempestade mata dois na Grande SP em dia de fenômeno raro

Microexplosão causou ventos fortes na região central da capital; em Suzano, muro desabou sobre carro e provocou morte de homem

Por Isabela Palhares , Juliana Diógenes e Luiz Fernando Toledo
Atualização:

SÃO PAULO - A tempestade com rajadas de vento de mais de 50 km/h que atingiu a capital paulista e a região metropolitana nesta segunda-feira, 16, deixou dois mortos e ao menos oito feridos. No Largo da Concórdia, no Brás, na região central de São Paulo, a queda de uma árvore matou uma mulher e feriu um homem e uma criança. Já na região central de Suzano, na Grande São Paulo, um muro desabou sobre um veículo e matou um homem. Segundo o Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE), a intensidade dos ventos no centro da capital nesta segunda-feira foi provocada por um fenômeno raro chamado de microexplosão.

De acordo com o engenheiro Hassan Barakat, meteorologista-chefe do CGE, o fenômeno empurra o vento da nuvem em direção ao solo com força. Os ventos podem atingir 80 km/h, mas essa velocidade não foi verificada nesta segunda-feira na região central de São Paulo.

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Já segundo o meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) Marcelo Schneider, a microexplosão de vento, como a que aconteceu em São Paulo nesta segunda-feira, forma-se em nuvens verticais (cúmulo-nimbo), em consequência do encontro de massas de ar quente e de ar frio.

"No domingo (15), tivemos o registro de um ciclone no oceano, que trouxe uma massa de ar frio forte. Quando essa frente fria chegou a São Paulo, que estava muito quente, aconteceu a tempestade e a microexplosão", disse Schneider.

Segundo o meteorologista do Inmet, as microexplosões são comuns durante o verão, mas também em períodos de transição entre estações.

A microexplosão é o mesmo fenômeno verificado em 29 de dezembro de 2014, quando 286 árvores caíram em vários pontos da capital, o maior número registrado na história. Entre segunda-feira e terça-feira, 17, ao menos 179 árvores caíram em toda a região metropolitana. Segundo o Corpo de Bombeiros, 42 novas ocorrências envolvendo árvores eram atendidas por volta das 10 horas.

O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), afirmou que os radares meteorológicos projetavam uma forte tempestade na capital, mas não previram o fenômento da microexplosão. Haddad disse ainda que foi informado na hora do almoço da ocorrência da tempestade, que viu da janela do gabinete dele na Prefeitura, no centro.

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Falta de energia. As zonas sul e leste de São Paulo foram as mais afetadas pela falta de energia na capital após forte temporal da segunda-feira. Equipes da Eletropaulo continuavam os trabalhos de restabelecimento da luz na manhã desta terça. Na zona oeste, os bairros da Pompeia e da Lapa foram os mais afetados. 

A AES Eletropaulo informou que atua na reconstrução da rede na Estrada Dom João Nery, na zona leste, e no cruzamento da Rua Siqueira Bueno com a Avenida Alcântara Machado - a Radial Leste, no Belenzinho, também na zona leste. A cidade de Embu-Guaçu também passa por uma ação da força-tarefa da concessionária.

No Largo da Concórdia, uma menina de 2 anos foi levada para o Pronto-Socorro da Santa Casa, em Santa Cecília, no centro. Segundo os bombeiros, a criança sofreu intervenção intensa, de mais de uma hora, para recuperar sinais vitais. No fim da manhã desta terça-feira, 17, segundo a assessoria da Santa Casa, o quadro da menina era estável, mas ela ainda respirava com o auxílio de aparelhos. Ela passou por cirurgias na região do tórax e abdome. 

A mãe da menina, que não teve a idade divulgada, também foi levada para a Santa Casa e teve fratura no fêmur. Nesta terça-feira, ela estava com quadra de saúde estável e seria atendida por um ortopedista. 

Outro ferido no Largo da Concórdia foi um homem de 42 anos, socorrido pelos bombeiros, cuja situação clínica não foi divulgada.

O CGE registrou 12 rajadas de ventos entre a madrugada e a tarde desta segunda-feira, com velocidades variando de 30,5 km/h a 57,4 km/h. Nessa velocidade final, as rajadas são capazes de derrubar grandes árvores e destelhar casas, de acordo com a Escala Beaufort de classificação de ventos.

Na zona oeste da capital paulista, uma árvore caiu na Avenida Doutor Arnaldo, no cruzamento com a Rua Bruxelas;a região foi uma das mais prejudicadas na cidade Foto: Werther Santana/Estadão

Previsão do tempo. De acordo com o CGE, nesta terça-feira, a frente fria passa rapidamente por São Paulo, mas ainda deixa o tempo fechado e chuvoso. As temperaturas permanecem baixas ao longo do dia, com mínima de 16ºC e máxima de 19ºC. O CGE prevê que a umidade relativa do ar se eleve, com os menores valores acima dos 75%. Em função da mudança na direção do vento, que passa soprar do quadrante sul, a sensação será de frio para os paulistanos.

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Já nesta quarta-feira, 18, o sol deve aparecer entre nuvens, mas os termômetros registrarão 14ºC durante a madrugada. O vento úmido do oceano aumenta a sensação de frio para os paulistanos. A umidade do ar seguirá elevada, segundo o CGE, com os menores valores acima dos 65%.O Centro de Emergências não há prevê chuvas significativas ao longo do dia, que deve terminar com variação de nebulosidade e chuviscos ocasionais no início da noite.