Cetesb só conhece pequena parte das áreas contaminadas

Segundo engenheiros, nova lei vai mais do que triplicar número de locais com problemas no Estado. Hoje são 3,6 mil, dez deles críticos

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Por Fabiano Nunes e JORNAL DA TARDE
Atualização:

O conjunto de 3.675 áreas com solo contaminado registrado pela Companhia Ambiental de São Paulo (Cetesb) é só uma pequena parte do universo de áreas contaminadas no Estado. Atualmente, dez desses locais são classificados como "críticos" - oito deles localizados na capital e em cidades da Grande São Paulo -, como o shopping Center Norte. Desde que começou o controle das áreas contaminadas, em 2002, houve um crescimento de 1.341% no número de registros. No primeiro ano, foram identificados 255 terrenos contaminados. Após chegar a 3,6 mil em 2010, o número deve passar de 10 mil nos próximos anos, de acordo com o cálculo de especialistas. Segundo o engenheiro Paulo Negrão, professor de áreas contaminadas da Unicamp, os postos de combustíveis lideram o ranking (79%), pois a Cetesb exige que esse tipo de comércio, que tem um potencial grande de contaminação, faça análise do solo."É feita investigação detalhada e definido o serviço de engenharia ambiental a ser realizado. A Cetesb então fixa uma meta para a recuperação do local", diz Negrão. "Só depois de 18 meses de monitoramento e comprovado o controle da situação, é emitido um certificado para que a área possa ser utilizada."Nova lei. O engenheiro explica que com a Lei 13.577, de 2009, que determina diretrizes e procedimentos para áreas contaminadas, outros terrenos com problemas devem ser identificados. A Cetesb passará a exigir das indústrias que trabalham com solventes o mesmo procedimento já adotado para os postos de combustíveis. Isso inclui empresas do ramo automobilístico, farmacêutico, de manufatura e metalúrgico. "A tendência é que o número de áreas contaminadas cresça nos próximos anos. Deve passar de 10 mil", estima Negrão.Segundo o engenheiro ambiental Aldérico Marchi, que trabalha com remediação de áreas contaminadas, a Cetesb só mapeou 20% das áreas contaminadas. "A maior parte das indústrias não fez a investigação e não existia, até 2009, uma lei que obrigasse a empresa a fazer isso."Marchi explica que, na maioria das áreas críticas, o impacto já atingiu o lençol freático, o que significa que o tempo para eliminar riscos poderá ser até de décadas. "Quando é possível remover a contaminação - escavar e levar para um local adequado -, a solução é rápida, feita em meses. Mas na totalidade dos casos mencionados o impacto atingiu a água subterrânea, o que significa que o tempo para eliminação dos riscos serão medidos só daqui algumas décadas."

 

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