Ceagesp estuda demolir prédio incendiado em protesto

Unidade, que guarda a documentação do entreposto, foi destruída em onda de depredação na sexta-feira, 14; companhia aguarda resultado da perícia para tomar decisão

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Por Felipe Resk
Atualização:

Atualizado às 12h31

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SÃO PAULO - A Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais do Estado de São Paulo (Ceagesp) informou nesta segunda-feira, 17, que estuda demolir um dos dois prédios administrativos incendiados no protesto de sexta-feira, 14, contra a cobrança de estacionamento no local, iniciada um dia antes. Segundo a assessoria de imprensa do complexo, engenheiros da própria Ceagesp constataram em vistoria preliminar que o Departamento de Entreposto, conhecido informalmente como "Prefeitura", teve a estrutura bastante comprometida e seu destino deve ser decido nesta tarde. O mesmo deve ser feito em relação ao prédio da Fiscalização, também queimado.

Se reuniram nesta manhã o presidente do Ceagesp, diretores, gerentes de departamento e a empresa C3V, responsável pelo estacionamento.

Por causa da onda de depredação de sexta-feira, 50 funcionários que trabalhavam no Entreposto - que guarda arquivos e todo o registro dos permissionários - e 36 fiscais do outro prédio administrativo depredado terão de ser realocados em outros espaços para conseguirem trabalhar. Além dos prédios, também foram alvos do quebra-quebra um caminhão-guincho, uma picape da Ceagesp, cabines de cobrança, cancelas e câmeras de monitoramento. Cinco pessoas ficaram feridas - uma delas baleada por seguranças.

Cerca de 100 manifestantes participaram da invasão, nos portões 3 e 5, na Avenida Doutor Gastão Vidigal, zona oeste de São Paulo. O portão 13, o principal acesso à Ceagesp, foi o mais comprometido no protesto e não tem previsão para voltar a funcionar. Nele, todas as guaritas, por onde os funcionários do complexo chancelam as notas fiscais das mercadorias, foram incendiadas e tiveram os vidros quebrados. A Ceagesp registrou um boletim de ocorrência na 91ª DP.

"Nós repudiamos a manifestação como foi feita", afirmou José Luiz Batista, presidente do Sindicato dos Permissionários em Centrais de Abastecimento de Alimentos do Estado de São Paulo (Sincaesp). Por conta da violência e dos danos causados ao patrimônio do Ceagesp, o novo protesto que estava previsto pelo sindicato para ocorrer nesta segunda-feira foi cancelado.

Movimento. Na manhã desta segunda-feira, um dos dias de maior público, ao lado da sexta, o movimento no maior centro de comércio de alimentos da América Latina era bem abaixo do normal. Sem o controle de acesso nos portões 2, 3 e 13, os mais afetados pelo vandalismo, o estacionamento não está sendo cobrado e não estão sendo pedidas notas fiscais dos carregamentos que entram no pátio.

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"Cheguei cedo ao Ceagesp, mas consegui fazer todo o meu percurso em 30 minutos. Normalmente, levo em torno de uma hora", afirma o caminhoneiro Fernando Padilha, que há mais de 20 anos trabalha na entrega de hortifrúti.

"Hoje foi muito mais rápido do que quando há burocracia", concorda Bruno Rodrigues, que também é entregador. Ele chegou ao complexo por volta das 09h30 e, 45 minutos depois, após fazer o descarregamento dos vegetais, já estava de saída. "Em dias comuns, eu gasto mais de duas horas nesse serviço."

Segundo a Ceagesp, a média diária de público é de 50 mil pessoas, entre funcionários e atacadistas e consumidores finais. Circulam no local cerca de 10 mil veículos por dia, 80% deles caminhões.

 

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