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Ceagesp cobrará por estacionamento, a partir do próximo ano

Comerciantes reclamam de taxa prevista para carros, utilitários e caminhões e preveem repasse de custo

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Por Adriana Ferraz
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A Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), na zona oeste da capital, vai terceirizar a área de carga e descarga. A estatal abriu licitação para reordenar a circulação interna de veículos e de clientes. Com a mudança, os frequentadores terão de apresentar crachá e pagar estacionamento para carregar alimentos em automóveis, utilitários e caminhões. A diária pode chegar a R$ 60.A proposta de concessão prevê a instalação de 299 câmeras de segurança, central de monitoramento e portarias automatizadas. Por dia, estima-se que 50 mil pessoas passem pelo local. O valor estimado do contrato é de R$ 147,6 milhões, por oito anos. Segundo o edital, o vencedor deverá repassar, como contrapartida mensal, 4% do faturamento bruto à Ceagesp. A companhia é a responsável pela administração do Ceasa paulistano, o maior entreposto atacadista de hortifrutigranjeiros da América Latina, e o terceiro do mundo, com 10 mil toneladas diárias.Haverá a implementação de um minianel viário, que estabelecerá o fluxo dos veículos e definirá todas as vagas disponíveis no espaço. Agentes terceirizados de trânsito indicarão as rotas e câmeras de monitoramento apontarão irregularidades em tempo real. Os reincidentes poderão ser penalizados. As regras do futuro cadastro de funcionários, clientes e visitantes ainda não estão definidas. Todos terão de usar crachá. "Nova CPMF". O novo planejamento viário é visto de forma positiva pela Associação dos Permissionários do Entreposto de São Paulo (Apesp), mas a taxa de estacionamento é considerada como a "CPMF do alimento" - em alusão à antiga Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira. Se a licitação for finalizada, há ameaça de greve. O setor que vende flores promete fazer hoje, às 10 horas, uma manifestação.Para a Apesp, os comerciantes já pagam caro pelo direito de usar o espaço. "São R$ 7 milhões por mês, entre aluguel e despesas de luz, água, segurança e limpeza. Se tivermos de pagar estacionamento, esse valor terá de ser repassado ao consumidor, não terá jeito", diz Claudio Furquim, secretário da entidade.Hoje, automóveis só têm permissão para entrar na área de carga e descarga ocupada por caminhões a partir das 16h30. Com a concessão, há dúvidas sobre a permanência da restrição de horário. "O que vai acontecer é um desvio de finalidade. Vão transformar o espaço onde distribuímos alimentos em um grande estacionamento", diz o presidente da Apesp, Eduardo Haiek. "Fomos pegos de surpresa. Por que não chamaram para negociar?"A Ceagesp, por sua vez, afirma que a intenção é aumentar a produtividade. De acordo com o presidente, Mário Maurici, os gastos estimados com estacionamento não são excessivos. "O caminheiro que permanecer até cinco horas na área de operação deverá pagar R$ 7. Só pagarão diárias aqueles que usam a Ceagesp por dias, como estacionamento particular. É isso que buscamos impedir", diz. "Operamos no vermelho há 15 anos. A concessão é nossa única opção."Segundo cronograma estabelecido pelo edital, as propostas das empresas interessadas no negócio deverão ser abertas no início de abril. Após a assinatura do contrato, um projeto executivo será desenvolvido e só depois, em meados de 2013, as medidas entram em operação.

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