PUBLICIDADE

Casal Nardoni aguarda julgamento em celas separadas

Veículos que transportavam os réus entraram pela rua lateral; julgamento está previsto para começar às 13h

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

Réus chegam ao Fórum de Santana nesta segunda-feira, 22, escoltados por policiais

 

PUBLICIDADE

SÃO PAULO - Anna Carolina Jatobá e Alexandre Nardoni, acusados de matar a menina Isabela Nardoni, em março de 2008, foram colocados em celas separadas na ala da carceragem do Fórum de Santana, no Limão, na zona norte de São Paulo, onde aguardarão o início do julgamento, previsto para as 13 horas desta segunda-feira, 22.

 

Policiais que fizeram a escolta do casal entre as penitenciárias de Tremembé, no interior de São Paulo, até o Fórum, estão acompanhando os acusados. O casal Nardoni chegou ao Fórum às 8h24 de hoje. Os veículos que participaram do transporte dos acusados entraram por uma Base Militar, na Rua Vitório Primon, localizada ao lado do Fórum.

 

A decisão sobre o caso Isabella

(Marcelo Godoy - O Estado de S. Paulo)

 

Um pedreiro que ninguém acha, a transmissão ao vivo do julgamento, a falta da simulação do crime do ponto de vista da defesa e a permissão para o confronto de laudos técnicos com nabos e cenouras. São muitos os obstáculos que o juiz Maurício Fossen deve enfrentar hoje, a partir das 13 horas, para fazer o júri que decidirá se Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá atiraram do 6º andar Isabella, em 29 de março de 2008, em São Paulo. O criminalista Roberto Podval promete arguir todas as possíveis nulidades que signifiquem um cerceamento de seu trabalho. Podval tem certeza de que será impossível obter para seus clientes, diante do clima que cerca esse caso, um julgamento "justo, correto e honesto". A começar do fato de que a testemunha que ele julga essencial, a ponto de listá-la como primeira de sua lista de 20, não ter sido encontrada pelos oficiais de Justiça do 2º Tribunal do Júri de São Paulo. Trata-se do pedreiro Gabriel Afonso Neto. O homem teria dado uma entrevista dizendo que gente estranha invadira a obra onde ele trabalhava, ao lado do prédio habitado pelos Nardonis na noite do crime. Trata-se do único indício da suposta existência de um invasor no edifício London que tivesse defenestrado Isabella. Mas, procurado pela polícia, o pedreiro negou até mesmo ter dado a entrevista. Os investigadores do 9º Distrito Policial descobriram mais tarde que policiais militares haviam estado na obra naquela noite revistando o local em busca de algum possível invasor do prédio. Terminada a obra, o pedreiro se mudou. "Desconfio de que ele tenha voltado para a Bahia", afirmou Luiz Alberto Spínola de Castro, chefe dos investigadores do 9º DP. Foi Spínola que coordenou os trabalhos de campo dos policiais no caso. Hoje ele estará entre as testemunhas convocadas a depor. Adiamento A disposição da defesa de adiar o julgamento não espanta o Ministério Público Estadual. O promotor de Justiça Francisco José Taddei Cembranelli afirmou ao Estado que está preparado para enfrentar as alegações que serão suscitadas a fim de adiar mais uma vez o júri - a defesa entrou e perdeu o pedido de liminar em três habeas corpus - nos quais pleiteava o adiamento do júri. Para Cembranelli, nada justifica a não realização do julgamento. Podval terá ao seu lado uma assistente técnica, Roselle Soglio, cuja função será contraditar os laudos, que se transformaram na peça angular da acusação. É com base em seu trabalho que Podval pretende levar nabos, cenouras, bananas e produtos de limpeza ao tribunal para demonstrar que a luz usada pelos peritos para procurar vestígios de sangue é capaz de produzir falsos resultados positivos. Chamada de bluestar, essa luz detecta marcas invisíveis de sangue. Mesmo quando um local ensanguentado é lavado, ele fica azul fluorescente ao ser iluminado pelo bluestar. Podval quer o direito de demonstrar isso ao júri. Anteontem, em entrevista à Folha de S. Paulo, ele passou a reivindicar que o julgamento seja transmitido ao vivo como forma de garantir a reabilitação da imagem pública do casal. Reconstituição Também não deve abrir mão da testemunha - o pedreiro - e vai insistir para que a defesa tenha o direito de apresentar uma reconstituição do crime segundo a versão do casal, a de que um estranho invadiu o prédio na noite do crime. Quem vai decidir se atende ou não aos pedidos da defesa será o juiz Fossen. Caso seus pedidos não sejam aceitos, Podval poderá deixar o júri, o que o inviabilizaria o julgamento. "A acusação está preparada e não vê nada que justifique o adiamento, pois todas as testemunhas foram ouvidas no processo e as perícias foram realizadas", afirmou o promotor. Assim, o julgamento do casal Nardoni pode terminar antes mesmo de começar.

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.