Bilhete salva estudante de Direito de sequestro

Mulher escreveu pedido de socorro em papel higiênico e jogou pela janela; carta foi encontrada e levada à polícia, que soltou a vítima

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Por Marcelo Godoy
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Sequestrada havia oito dias, uma estudante de Direito de 30 anos aproveitou um descuido dos sequestradores e escreveu um bilhete em uma folha de papel higiênico. Eram poucas frases, todas eloquentes: "Pelo amor de Deus, chame a polícia. Salve minha vida. Sou mulher, tenho filho e estou com muito medo". Atirado pela janela do quarto em que estava, o papel foi parar nas mãos de um homem que procurou a delegacia mais próxima e indicou onde havia encontrado a mensagem. A polícia acreditou. Horas depois, a estudante estava salva e um dos sequestradores, preso. "Eu estava de plantão quando fui avisado pelos colegas do 68.º Distrito Policial sobre essa denúncia", disse o delegado Marcelo Augusto Gondim Monteiro. A pessoa que apanhou o bilhete levou-a até a delegacia do bairro Lajeado, na zona leste de São Paulo, no domingo. A delegacia informou a Central de Polícia Judiciária da região, que estava sob comando de Gondim.A vítima havia sido dominada por quatro homens armados com pistolas na porta de sua casa, no bairro do Limão, na zona norte. Ela chegava em seu carro, um SUV, quando foi cercada pelos bandidos. Filha de um comerciante - seu pai é proprietário de um restaurante -, a mulher foi levada pelos sequestradores em um Polo. Eles telefonaram no mesmo dia para a família e exigiram R$ 1 milhão de resgate.As negociações começaram, e a família informou a Divisão Antissequestro (DAS). Os bandidos ameaçaram a vítima diariamente. Diziam que iam matar o filho da estudante - ela é casada e tem um menino -, caso o resgate não fosse pago. A estudante foi mantida dentro de um quarto. Dormia em um colchão sujo e era vigiada 24 horas por dia por um homem armado.A casa em que ela estava ficava na Rua Henrique Montes, no Jardim Lourdes, vizinho do Lajeado. "Entramos na casa e encontramos o homem de pé e a vítima na cama", disse o delegado. O homem foi identificado como Eduardo Luís da Silva, de 38 anos. "Perguntei se ele morava ali e ele disse que sim. Então, perguntei quem era aquela mulher e disse que era sua esposa."Diante da resposta do suspeito, o delegado perguntou para a mulher. Assustada, a vítima respondeu que era a mulher do sequestrador. "Mandei tirar o homem da sala, voltei a perguntar e ela novamente disse que era mulher do suspeito." O policial então tirou do bolso o bilhete escrito no papel higiênico e perguntou à mulher se ela sabia o que era aquilo. "Ela então desabou e começou a chorar", contou. / COLABOROU PEDRO DA ROCHA

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