Bicicleta, sapatos e muitos documentos estão entre os Achados e Perdidos do Metrô
Setor, na estação da Sé, completa 40 anos e recebe, em média, 6 mil itens por mês
Por Maria Eduarda Chagas
Atualização:
Após perder sua dentadura, um senhor foi à Central de Achados e Perdidos do Metrô de São Paulo na esperança de encontrá-la. Para sua surpresa, os funcionários do local tinham encontrado dentes postiços perdidos na estação e, pela descrição e pela data da perda, o homem teve a certeza de que teria seu sorriso de volta. Tudo certo? Cinco minutos depois, volta o homem e se desculpa. "Não era a minha".
Histórias como esta são contadas por Suzana Celia de Andrade, supervisora da central, e exemplificam situações vividas nos 40 anos do setor, completados nesta segunda-feira, dia 15.
40 anos de Achados e Perdidos do Metrô de São Paulo
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40 anos de Achados e Perdidos do Metrô de São Paulo
Dezenas de guarda-chuvas esperam seus donos na Central de Achados e Perdidos do Metrô Foto: Maria Eduarda Chagas/Estadão
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Malas, um andador e uma muleta aguardam seus donos no setor, localizado na Estação Sé Foto: Maria Eduarda Chagas/Estadão
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O oficial da Marinha Leandro Machado Cruz, de 33 anos, encontrou nesta terça-feira, 16, uma mala perdida no metrô no último domingo Foto: Maria Eduarda Chagas/Estadão
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Disco da Carmen Miranda está perdido desde 2010 e agorafaz parte da coleção de itens inusitados da Central de Achados e Perdidos do Metrô Foto: Maria Eduarda Chagas/Estadão
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Cachimbo também está na estante apelidada de museu, que guarda itens inusitados Foto: Maria Eduarda Chagas/Estadão
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Dentadura e aparelho dentário também foram esquecidos no metrô Foto: Maria Eduarda Chagas/Estadão
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Quadros de duascrianças foram deixados no metrô no mês passado e esperam o resgate do dono Foto: Maria Eduarda Chagas/Estadão
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Estante apelidada de museu guarda objetos inusitados que foram deixados no metrô Foto: Maria Eduarda Chagas/Estadão
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Telefone, calculadora e medalhas estão entre os objetos inusitados Foto: Maria Eduarda Chagas/Estadão
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Vinho chileno foi esquecido no metrô e aguarda seu dono Foto: Maria Eduarda Chagas/Estadão
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Um facão está entre os objetos curiosos que foram esquecidos no metrô Foto: Maria Eduarda Chagas/Estadão
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Bicicleta foi encontrada na Linha 4-Amarela e chegou à Central de Achados e Perdidos nesta terça-feira, 16 Foto: Maria Eduarda Chagas/Estadão
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Livros também são comumenteesquecidos no metrô de São Paulo Foto: Maria Eduarda Chagas/Estadão
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Sucesso entre as crianças, um boneco da Galinha Pintadinha aguarda seu dono Foto: Maria Eduarda Chagas/Estadão
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Uma bengala talhada com umacaveira está entre os itens inusitados que são colecionados pela Central de Achados e Perdidos do Metrô Foto: Maria Eduarda Chagas/Estadão
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Celulares são os objetos mais buscados no setor. Na foto, estão celulares com capa da Minnie Mouse Foto: Maria Eduarda Chagas/Estadão
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Cerca de 80 celulares esperam seus donos entre os Achados e Perdidos Foto: Maria Eduarda Chagas/Estadão
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Objetos são categorizados e organizados na Central de Achados e Perdidos do Metrô Foto: Maria Eduarda Chagas/Estadão
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Carteiras estão entre os itens mais esquecidos no metrô Foto: Maria Eduarda Chagas/Estadão
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Muitos sapatos esperam ser encontrados na Central de Achados e Perdidos. A maioria pertence a crianças Foto: Maria Eduarda Chagas/Estadão
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Capacetes de diferentes cores estão guardados no setor, na Estação Sé Foto: Maria Eduarda Chagas/Estadão
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Óculos também têm gavetas dedicadas a eles na Central de Achados e Perdidos Foto: Maria Eduarda Chagas/Estadão
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A supervisora Suzana Celia de Andrade mostra um livro do escritor francês Jean-Paul Sartre Foto: Maria Eduarda Chagas/Estadão
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Itens perdidos são organizados na Central de Achados e Perdidose ficam disponíveis no local por até 60 dias Foto: Maria Eduarda Chagas/Estadão
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Bolsas e guarda-chuvas estão entre os dez tipos de objetos mais esquecidos no Metrô de São Paulo Foto: Maria Eduarda Chagas/Estadão
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Bíblia e livro de Jorge Amado em destaque em uma prateleira no setor de achados e perdidos do Metrô Foto: Maria Eduarda Chagas/Estadão
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Centenas de documentos esperam seus donos na Central de Achados e Perdidos do Metrô Foto: Maria Eduarda Chagas/Estadão
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Bolinhas de árvore de Natal e fraldas geriátricas estão no setor Foto: Maria Eduarda Chagas/Estadão
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São Longuinho é o único objeto que não está ali por acaso. Estátua foi presente de funcionários do Metrô. Foto: Maria Eduarda Chagas/Estadão
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Central de Achados e Perdidos funciona na Estação Sé desde 1981 Foto: Maria Eduarda Chagas/Estadão
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Pela dentadura, é possível imaginar a diversidade de itens que esperam seus donos no local. São dezenas de celulares, documentos, carteiras e guarda-chuvas, mas há também bolsas, sapatos, quadros, livros e hoje chegou até mesmo uma bicicleta. O setor recebe, em média, 6 mil itens por mês. Destes, 60% são documentos e 40%, objetos.
Os objetos permanecem entre os achados e perdidos por 60 dias e, caso não sejam recuperados, são doados ao Fundo Social de Solidariedade de São Paulo. Documentos são restituídos aos órgãos expedidores. Itens muito inusitados, como um facão, um disco da Carmen Miranda ou medalhas, que não têm utilidade para instituições de caridade, ficam em uma estante apelidada carinhosamente de museu. Hoje, fica também no local uma estátua de São Longuinho, presente dos funcionários do Metrô.
Os objetos já viraram exposição duas vezes. Em 2013, a artista plástica Marcia Gadioli selecionou alguns itens para ficarem expostos na estação Trianon/MASP. Agora, para comemorar os 40 anos da Central de Achados e Perdidos do Metrô, uma nova leva foi montada pela artista na estação São Bento, da Linha 1-Azul. A instalação Perdidos Achados fica em cartaz até o final do mês de junho.
Em busca do objeto perdido. O serviço, na estação da Sé, pareceu bem movimentado nesta terça-feira. Em aproximadamente 1 hora e meia, 18 pessoas foram procurar algum pertence deixado para trás no metrô ou perto das estações. Apenas um caso foi bem-sucedido. Leandro Machado Cruz, oficial da Marinha, de 33 anos, encontrou uma mala que havia perdido após voltar de uma viagem, no último domingo. “Fiquei muito feliz. Não esperava que fosse encontrar”, comemora.
O aposentado Erito de Souza Leão, de 82 anos, não teve a mesma sorte. No domingo, ele perdeu um chaveiro no metrô. Músico por diversão, o senhor queria mesmo era encontrar sua chave para afinar pandeiro, que estava junto do molho, mas não teve sucesso. Nenhum item batia com a descrição dada por Souza Leão. "Acontece, mas não é culpa do Metrô. A culpa é de quem acha e não devolve", lamenta.
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O Metrô não tem uma estimativa de quantas pessoas buscam a Central de Achados e Perdidos sem sucesso, mas segundo a empresa, em média são devolvidos quase 25% de tudo o que é encontrado. Até abril deste ano, o setor recebeu mais de 25 mil itens, mas muitos ficam esquecidos mesmo pelos donos. Guarda-chuvas, por exemplo, são os objetos menos buscados pelos usuários. Já celulares estão entre os mais procurados. De um jeito ou de outro, Suzana Celia de Andrade destaca que é gratificante quando um pertence é encontrado. “Às vezes são fotos, objetos que parecem não ter a menor importância para a gente, mas para aquela pessoa é uma alegria imensa reencontrar o que estava perdido.”