Belas Artes: dono pode usar espaço

Último pedido para tombar cinema é negado

PUBLICIDADE

Por Marcio Pinho
Atualização:

A esperança de que o Cine Belas Artes continuasse existindo no edifício da esquina da Rua da Consolação com a Avenida Paulista acabou. O cinema não será tombado, como pretendiam seus defensores, o que significa dizer que o proprietário poderá realizar as alterações que quiser no prédio e imediatamente alugar o imóvel para que ali seja construída uma loja, provavelmente.

O Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat) entendeu que o Cine Belas Artes, como bem imaterial, pode ser tema de um registro de memória, e não ser tombado. Em outras palavras, pode ganhar o registro em um livro, uma placa no local e um reconhecimento que incentive políticas públicas.

PUBLICIDADE

"Podemos chegar à conclusão, por exemplo, que o cinema de arte impactou gerações, que criou uma riqueza grande para a cidade e deve ser incentivada como prática", afirma a presidente do Condephaat, Fernanda Bandeira de Mello. Ela afirma que o tombamento não garantiria a permanência do cinema e não há valor histórico em termos de arquitetura no prédio, que foi inaugurado em 1943 e desde 1967 abrigava o Belas Artes.

O tombamento era analisado pelo Condephaat desde 3 de outubro, após pressão do grupo interessado na permanência do Belas Artes. O processo também passou pelo órgão municipal de patrimônio, o Conpresp, que informou que não pode tombar o uso do imóvel.

Afonso Lima, um dos membros do movimento pró-Belas Artes, que tem 90 mil adeptos no Facebook e 20 mil assinaturas em abaixo-assinado, criticou a decisão. "Poderia ter havido um debate, um estudo e mais boa vontade de ver o imóvel como algo histórico. Em seus porões se viam filmes proibidos na ditadura. E a Constituição também considera patrimônio cultural os bens imateriais", diz Lima, que pede que o imóvel seja decretado de utilidade pública.

Sujeira. Fechado desde março, o Belas Artes está abandonado. O prédio foi grafitado e abriga mendigos. O cenário atual é de abandono. /COLABOROU FELIPE FRAZÃO

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.