PUBLICIDADE

Bastidores: Sem base, projetos de Haddad devem ir para a gaveta

Confirmação da regularização do Uber e de outros aplicativos via decreto provocou um efeito colateral imediato na Câmara

Foto do author Adriana Ferraz
Por Adriana Ferraz
Atualização:
Câmara Municipal de São Paulo Foto: ADRIANA FERRAZ/ESTADÃO

A confirmação da regularização do Uber e de outros aplicativos via decreto provocou um efeito colateral imediato na Câmara. A relação entre o prefeito Fernando Haddad (PT) e os vereadores, que já não era boa, piorou, e o resultado deve ser o engavetamento de projetos considerados prioritários pelo Executivo, como a operação urbana que tira do papel o quase esquecido Arco do Futuro - promessa de revitalização do território da cidade margeado pelos Rios Pinheiros, Tietê e Tamanduateí. No total, são mais de 25 projetos do governo parados na pauta de votação - parte protocolada em 2014.

Sem clima político nem base fiel, Haddad vai enfrentar dificuldades para aprovar até o novo Código de Obras, projeto que visa a facilitar a aprovação de construções, desburocratizando o processo e, por isso, de interesse também da oposição. Nesta terça, a tentativa de discutir a proposta foi derrubada em menos de meia hora, por falta de quórum. Com o possível afastamento da presidente Dilma Rousseff pelo Senado, a expectativa para esta quarta não é diferente.

PUBLICIDADE

Na análise de alguns parlamentares, o prefeito é o único responsável pela “implosão” de sua base. Sem paciência para fazer a política do dia a dia, o petista teria perdido o apoio de seguidores considerados leais, como Dalton Silvano (DEM) e Paulo Frange (PTB). E a lista deve aumentar depois que funcionários de subprefeituras indicados por vereadores supostamente na oposição foram demitidos por Haddad. No total, estão previstas 140 demissões. 

Mesmo os petistas avaliam como equivocada a declaração de guerra dada por Haddad depois da derrota da semana passada. Edir Salles (PSD) e Noemi Nonato (PR), por exemplo, deram quórum para a votação da Lei Uber, mas perderam cargos. Se a lógica for mantida, alcançar 28 votos para qualquer votação vai ser cada vez mais raro.