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BASTIDORES: para cúpula petista, Haddad perde chance de se diferenciar

Por Fernando Gallo
Atualização:

Dirigentes e políticos do PT paulista e até integrantes do secretariado de Fernando Haddad consideram que o prefeito conduziu mal o processo político ao lidar com os protestos contra o aumento da tarifa do transporte público na capital. As críticas dos petistas ouvidos pelo 'Estado' vão do que consideram demora do prefeito para receber os ativistas do Movimento Passe Livre (MPL) - passando pela intransigência quanto ao debate da redução da tarifa - até a confusão entre o discurso político de Haddad e o do governador Geraldo Alckmin (PSDB) na semana passada. Faltou ao prefeito, segundo correligionários, condenar firmemente a ação da polícia nos protestos de quinta-feira.Sob esse aspecto, afirmam os dirigentes do PT, Haddad levou um "chapéu" do governador. O tucano ordenou ontem que a polícia não agisse violentamente, devolvendo a questão do preço do ônibus ao centro do processo. A cúpula petista avalia que Alckmin se antecipou a Haddad no diálogo com o MPL. A reunião com o Conselho da Cidade está marcada para hoje.Em defesa do prefeito, os dirigentes sustentam que ninguém conseguiu prever que os protestos ganhariam corpo, o que só ocorreu na quinta-feira, quando a ação violenta da polícia amplificou o debate sobre o significado das manifestações para além do aumento da tarifa. Avaliam também que, do ponto de vista administrativo o prefeito não tinha como segurar mais o aumento - o que fez até junho, a pedido da presidente Dilma Rousseff, que queria ajuda no controle da inflação. A Prefeitura nunca divulgou, em nenhuma gestão, o detalhamento das contas do transporte.Contudo, afirmam que o prefeito perdeu a chance de se diferenciar como um líder político que ouviu o clamor dos protestos e abriu o diálogo democrático sobre o valor da tarifa, o que, esperam, deve começar a ser corrigido na reunião de hoje.

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