Avenida 9 de Julho terá nova faixa para ônibus a partir de segunda

Faixa será instalada no viaduto Dr. Plínio de Queirós e seguirá pelo túnel Daher Helias Cutait

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Por Caio Spechoto (Broadcast)
Atualização:
Operação visa a aumentar o espaço do transporte coletivo nas ruas Foto: TIAGO QUEIROZ/AE

Começa a funcionar a partir da próxima segunda-feira, 2, uma nova faixa exclusiva para ônibus no viaduto Dr. Plínio de Queirós que seguirá pelo túnel Daher Helias Cutait, ligando os trechos do corredor de ônibus já existente na Avenida 9 de Julho, na região central de São Paulo. 

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A ação faz parte da "Operação Dá Licença Para o Ônibus", da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), que visa a aumentar o espaço do transporte coletivo nas ruas. Somando esses novos dois quilômetros, a cidade de São Paulo passará a ter 482,3 quilômetros de faixas exclusivas para ônibus.   Nos dois sentidos das vias onde as faixas vão ser instaladas, passam, a cada dia útil, cerca de 29 mil veículos e uma frota de 445 coletivos, que transporta uma média de 325 mil passageiros, segundo a CET. 

A Avenida Nove de Julho tem um corredor de ônibus que é interrompido pelo viaduto e pelo túnel. A nova faixa vai integrar as duas partes do corredor, facilitando a passagem dos coletivos de um trecho para o outro.   Com a alteração, só o transporte coletivo poderá circular sobre o viaduto Dr. Plínio de Queirós. Os carros precisarão continuar nas vias no nível do solo, que margeiam o elevado. No túnel, haverá uma faixa exclusiva à esquerda e, nas demais áreas da via carros, motos e demais veículos poderão trafegar normalmente. As linhas que passam por ali ligam, principalmente, o centro à zona sul da cidade.   A nova configuração tem diferentes interpretações entre especialistas. Para o consultor de trânsito Sérgio Ejzenberg a medida é "cruel e desnecessária". Ele afirma que o viaduto nunca fica congestionado, e por isso não atrapalha o transporte coletivo. Ejzenberg prevê que a faixa dentro do túnel aumentará congestionamentos na área. Além disso, duvida que a capacidade das ruas laterais ao viaduto seja suficiente para absorver sem problemas os carros e motos que não poderão mais passar por ele. 

Perguntado se havia outra medida mais adequada, ele foi categórico: "Não precisava mexer. Não precisava fazer nada. Estava bom do jeito que estava." A CET diz estar tomando as providências necessárias para o trânsito da região fluir bem, que essa opção foi escolhida para evitar o entrelaçamento dos ônibus com os outros veículos e aumentar a "velocidade do transporte coletivo que atende 357 mil usuários/dia no corredor Nove de Julho."  Alternativas. O engenheiro de tráfego e vice-presidente da Associação Brasileira de Pedestres (Abraspe), Horácio Augusto Figueira, diz que até havia uma solução menos radical para o trecho. Nesse cenário, seriam necessários semáforos especiais nas extremidades do viaduto para mudar o sentido das faixas de rodagem e permitir que os ônibus saíssem da esquerda, onde fica o corredor, e fossem para a direita, onde fica a faixa exclusiva, e vice-versa. Isso, porém, demandaria investimento em tecnologia e fiscalização da CET. Para o engenheiro, dar ao transporte coletivo o direito exclusivo de trafegar no viaduto é "nota 10": "demorou pelo menos duas décadas para acontecer".   Ele conta que já viu ali vários biarticulados parados esperando veículos de transporte individual para poder passar, enquanto o certo seria privilegiar o veículo que transporta mais passageiros. Com a nova configuração "ninguém mais atrapalha o ônibus", comenta Figueira. Ele acredita que em horários de pico os ônibus que precisam ir de um trecho do corredor para o outro economizarão pelo menos 10 minutos.

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