Até homem e mulher mais velha são vítimas de abuso sexual no metrô

Levantamento dos registros de assédio feito pelo ‘Estado’ mostra que a maioria dos 22 casos deste ano aconteceu no período da manhã

PUBLICIDADE

Foto do author Marcelo Godoy
Por Marcelo Godoy e Caio do Valle
Atualização:

SÃO PAULO - Fugindo do perfil convencional -- jovens do sexo feminino --, um homem e mulheres mais velhas também já foram vítimas de abusos no Metrô de São Paulo e na Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). É o que revelam os boletins de ocorrência e termos circunstanciados registrados por assédio sexual no sistema desde o início do ano.

PUBLICIDADE

A Delegacia de Polícia do Metropolitano (Delpom) registrou 22 casos dessa natureza desde o início do ano. Homens, os agressores têm, em média, 32 anos e 11 meses de idade e preferem atacar de manhã. As Linhas 3-Vermelha, do Metrô, e 7-Rubi e 11-Coral, da CPTM, são as mais visadas.

Os registros indicam que metade dos aliciamentos aconteceu dentro dos vagões de metrô ou dos trens suburbanos e os demais, nas estações. A Palmeiras-Barra Funda, que integra linhas da CPTM e do Metrô, na zona oeste da capital paulista, contabilizou três casos, assim como a Sé, no centro. Em seguida, estão a Anhangabaú, também na região central, com duas ocorrências, a Consolação, na Linha 2-Verde, a Luz, na Linha 7, e a Brás da CPTM.

Segundo o delegado Cícero Simão da Costa, titular da Delpom, os molestadores agem com frequência nos horários de pico, quando as estações e os trens da rede ficam superlotados. "Em muitos casos, o criminoso começa a ‘encoxar’ a vítima no começo da linha e só para quando ela desce do trem." Sete molestadores eram casados.

No geral, conforme o levantamento feito pelo Estado, as vítimas têm 28 anos e 7 meses. Das 22 que foram molestadas e denunciaram os seus agressores à polícia neste ano, seis são casadas. Três têm mais de 40 anos.

Houve um caso em que um passageiro acariciou a barriga, a cintura e o seio de uma babá de 54 anos, casada. O episódio ocorreu no interior de um trem na Linha 7, sentido Francisco Morato, em 31 de janeiro. O criminoso viajou sentado ao lado da vítima, que o denunciou aos seguranças ao desembarcar.

No dia 13 daquele mês, um técnico em informática de 22 anos foi molestado por um arquiteto de 38 na Estação Sé do Metrô, quando desembarcava do trem, às 17h35. Segundo o termo circunstanciado elaborado pela polícia, o aliciador "passou a mão no órgão genital da vítima apertando o mesmo com vigor". O jovem "não aceitou a importunação", empurrou o arquiteto para fora do vagão e, depois, o segurou "pelo colarinho para que fosse apresentado ao corpo de segurança" do Metrô. Todas as demais vítimas, no entanto, são mulheres.

Publicidade

Para a Polícia Civil, ainda existe muita subnotificação. Nesta quarta-feira, 18, o delegado Osvaldo Nico Gonçalves, da Delegacia Especializada em Atendimento ao Turista (Deatur), ligada à Delpom, disse que é preciso que as mulheres denunciem qualquer abuso que sofram e apontem o responsável pelo crime para que ele seja punido.

Casos. Nesta quinta-feira, outros dois casos passaram a ser investigados. Em um deles, duas adolescentes foram acariciadas por um homem na Linha 3-Vermelha. No outro, o agressor apalpou as coxas de uma mulher na Estação Consolação. Ambos foram detidos, mas já liberados.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.