Ataques do PCC: especialistas falam do estudo que usou PMs de SP

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Por Denize Guedes
Atualização:

SÃO PAULO - O estudo com os policiais militares que atuaram durante os ataques do Primeiro Comando da Capital (PCC) em São Paulo, em 2006, tem repercutido em países com tradição em pesquisa de estresse pós-traumático. Estados Unidos, pelo 11 de Setembro, e Israel, pelo conflito com palestinos, são alguns deles. Leia opiniões dos especialistas:

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"Este estudo é uma demonstração impressionante do modo como o córtex pré-frontal (ligado à classificação dos eventos e à superação) e a amígdala (ligada à expressão do medo) interagem."Joseph E. LeDoux, do Centro para Neurociência, da New York University

"Este trabalho está na fronteira dos estudos atuais para entender os mecanismos biológicos que ligam estresse e saúde. Além disso, irá ajudar a aperfeiçoar a efetividade de intervenções desenhadas para diminuir fatores de estresse prévios na saúde mental e física."Barbara L. Ganzel, do Laboratório de Neurociência, da Cornell University Ithaca (Nova York, EUA)

"É frequente a divulgação de pesquisas de instituições americanas com neuroimagem funcional. Este estudo (brasileiro) replica descobertas anteriores, agora com policiais militares. Isso demonstra uma interessante generalização de descobertas relacionadas ao estresse pós-traumático."Israel Liberzon, do Departamento de Psiquiatria, da Escola de Medicina da Universidade de Michigan

"Foi impressionante a demonstração de como a psicoterapia parece ter normalizado a atividade cerebral no estresse pós-traumático, aparentemente por meio do aumento do funcionamento do córtex pré-frontal, inibindo a amígdala."Roger K. Pitman, professor de Psiquiatria da Harvard Medical School

"Os achados da pesquisa se encaixam em nossa noção de que a relação entre amígdala e córtex pré-frontal pode determinar o resultado das respostas patológicas iniciais do pós-trauma. Além disso, aponta para parâmetros específicos de resiliência que podem ser testados em estudos com imagem no futuro."Talma Hendler, da Faculdade de Medicina, da Tel Aviv University

"Será fascinante replicar os achados desta pesquisa em uma amostra de indivíduos sofrendo de trauma no ambiente de trabalho no Canadá. Um estudo assim pode levar a novas intervenções no tratamento dessa população."Ruth Lanius, do Departamento de Psiquiatria, da University of Western Ontario (Canadá)

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"O estudo sugere que a resiliência é um moderador muito forte no caso de indivíduo que desenvolvem estresse pós-traumático e também que a psicoterapia é efetiva nesses pacientes traumatizados. As mudanças apresentadas (inibição da atividade da amígdala, ligada ao medo, em detrimento da do córtex pré-frontal, ligado à superação) expõe uma clara base neurobiológica."Tom Farrow, do Laboratório de Cognição e Neuroimagem de Sheffield (Reino Unido)

"O estudo se soma a uma crescente literatura que mostra que não apenas os cuidados médicos, mas as psicoterapias, exercem mudanças na estrutura de funcionamento do cérebro. No momento, temos um bom número de psicoterapias para o estresse pós-traumático, mas há espaço para mais. Este estudo também é valioso para atrair atenção às pressões psicológicas que muitos policiais militares sofrem, enfatizando a importância de mantê-los psicologicamente bem." Chris R. Brewin, professor da University College London

"Incrível como o estudo foi capaz de combinar os três grupos (policiais resilientes, que fizeram terapia imediatamente e os que aguardaram em lista de espera) tão cuidadosamente. Normalmente, isso não é fácil de se realizar."Natalie Werner, dos departamentos de Psicologia e Biologia, da Ludwig-Maximilians-University (Alemanha)

"A pesquisa demonstra que é possível e importante olhar a estrutura cerebral e seu funcionamento antes e depois da psicoterapia. Neste momento, uma pesquisa em nosso centro está trabalhando no sentido de observar exatamente essas alterações e típicas respostas cerebrais."Eric Vermetten, Pesquisador chefe sobre saúde mental militar, do Centro Médico Universitário de Utrecht (Holanda)

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