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Ataques deixam seis mortos e dois feridos em Mogi das Cruzes

Em menos de duas horas, vítimas foram baleadas em quatro locais diferentes; casos foram registrados em duas delegacias da cidade

Por Felipe Resk
Atualização:

SÃO PAULO - Uma série de ataques terminou com seis pessoas mortas e duas feridas em Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo, em menos de duas horas. Os crimes aconteceram em quatro locais diferentes, com no máximo nove quilômetros de distância um do outro, entre a noite de domingo, 26, e a madrugada de segunda-feira, 27. A Polícia Civil investiga se há relação entre os crimes, que podem estar relacionados ao tráfico de drogas. Até o momento, ninguém havia sido preso.

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Por volta das 23h55, criminosos em um carro atiraram contra duas pessoas que estavam na Rua Gramado, no Conjunto Residencial do Bosque. Quando os policiais militares chegaram ao local, Lucas Vieira da Silva, de 17 anos, já estava morto. Segundo relato de familiares, ele era usuário de drogas, mas havia passado por um centro de reabilitação há pouco tempo. De acordo com os investigadores, ele não tinha passagem pela polícia.

A segunda vítima, um rapaz de 18 anos, foi socorrida ao Hospital das Clinicas Luzia de Pinho Melo, em Mogi. Aos policiais, o sobrevivente relatou que os tiros partiram de um carro preto, com rodas pretas e película nos vidros - mas não soube informar se o modelo era de um Volkswagen Gol ou um Chevrolet Celta. Ao passar pelos dois, o veículo teria retornado. Os criminosos, então, baixaram os vidros e atiraram, sem fazer qualquer aviso antes. No local, a perícia recolheu cápsulas de calibre 380.

Pouco depois, mais uma pessoa seria morta a tiros a menos de dois quilômetros do primeiro lugar. Kaic da Silva César, de 19 anos, que também não tinha antecedentes criminais, foi baleado na Rua Professor Gumercindo Coelho, na região da Vila Cecília. Além dele, outro rapaz foi atingido e precisou passar por cirurgia. Por isso, ele não falou com a Polícia.

Segundo testemunhas, os disparos também teriam partido de um veículo, que, no entanto, não teve os dados anotados. Os policiais não encontraram cápsulas de arma de fogo no local. Aos investigadores, um perito afirmou que nos dois primeiros crimes os tiros desferidos contra as vítimas foram muito parecidos e atingiram partes coincidente dos corpos.

O terceiro ataque aconteceu por volta da 0h37, na Avenida D. Paulo Rolim Loureiro, na Vila Oliveira. Caique Rafael de Oliveira Silva, que não teve a idade identificada, morreu no local após ter sido atingido por sete disparos. Nenhuma testemunha foi localizada, mas um familiar de Oliveira afirmou que o ponto era sempre frequentado pela vítima, usuária de drogas. Ele, contudo, não soube informar à Polícia se o jovem estaria envolvido com o tráfico.

Cerca de 25 minutos depois, houve o ataque mais violento. Três pessoas foram mortas na Rua Presidente João Goulart, na Vila Caputera, a cerca dois quilômetros do crime anterior. Entre elas, estava José Dias Figueiredo Júnior, de 38 anos, o único que portava documentos na hora do assassinato. As outras vítimas não foram identificadas. A Polícia suspeita que os três eram moradores de rua e usuários de crack, mas nenhum parente ou testemunha foram encontrados. Nos dois últimos locais, os policiais encontraram cápsulas de calibre 38.

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Investigações. "Estamos investigando se os fatos estão ou não relacionados entre si", afirmou o delegado Eduardo Boigues, do setor de Homicídios de Itaquaquecetuba, designado pela Seccional de Mogi para apurar os casos. Entre as hipóteses levantadas pela Polícia Civil, está disputa por pontos de venda de drogas na região. Outra linha é que as vítimas tenham sido executadas por traficantes, após possivelmente terem praticado roubos e furtos, e, consequentemente, atraído atenção de policiais, atrapalhando o comércio ilegal.

A Polícia Civil também apura se os assassinatos foram cometidos por retaliação do crime organizado. Há duas semanas, uma operação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público, prendeu sete suspeitos de integrarem o Primeiro Comando da Capital (PCC) na região. "Não descarto nenhuma hipótese. Inicialmente, vamos trabalhar com todas elas", disse Boigues.

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