Área do São Vito vira garagem irregular

Flanelinhas começaram a usar o local há um mês e não foram incomodados pela fiscalização; cada vaga sai por R$ 10

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Por Luciele Velluto
Atualização:

O terreno onde ficavam os históricos Edifícios São Vito e Mercúrio, perto do Mercado Municipal, no centro, já tem uma nova função: estacionamento irregular. Por R$ 10, um flanelinha indica uma vaga.Segundo os próprios flanelinhas, o terreno da Prefeitura de São Paulo vem sendo usado há um mês como estacionamento e o dia mais movimentado é o sábado. Ontem, a reportagem flagrou pelo menos cem carros no local. "Mas hoje (ontem) ainda não está muito cheio. Sábado passado deu bem mais movimento", contou uma das pessoas que ofereciam vagas para quem vem da Rua Mercúrio em direção ao Mercado Municipal.Flanelinhas contaram também que nunca foram impedidos de trabalhar ali nem de oferecer o espaço para que os carros sejam estacionados. "Pode colocar tranquilo que aqui não tem multa. Estão deixando a gente trabalhar, precisamos tirar nosso sustento", disse um deles.Os carros são organizados um ao lado do outro, sempre deixando corredores para que possam ser feitas as manobras. Para muitos motoristas, o local virou opção. "A gente até sabe que é irregular, mas não tem onde parar aqui perto. É onde podemos deixar o carro para vir ao mercado fazer compras", contou o analista de sistemas Anderson Lima. Na Praça São Vito, que fica entre o terreno e o Viaduto Diário Popular, o estacionamento cobrado por flanelinhas é ainda mais organizado: quem para recebe até tíquete.De acordo com a Prefeitura, o terreno foi cedido para o Serviço Social do Comércio (Sesc), que deveria cuidar da área. Mas a entidade ainda espera aprovação de projeto de lei para a doação do local. Em relação aos flanelinhas, a Prefeitura afirmou que a fiscalização é de competência da Polícia Militar.Viciados. Após as 19h, quando as lojas da Avenida Mercúrio fecham, é comum ver usuários de drogas e moradores de rua perambulando pelo local. "A cracolândia é aqui, meu amigo", resume o vendedor Carlos de Freitas, de 32 anos. "Quando passa das 19h, isso aqui enche de 'noia'. Só dá para ver as luzinhas (dos cachimbos de crack) piscando", relatou o comerciante Jairo Francisco de Almeida, de 42. "Se era para deixar esse terrenão aí, vazio, não entendo por que a Prefeitura teve tanta pressa em demolir os prédios."Ontem à tarde, o terreno ainda era usado por sacoleiros vindos da região da Rua 25 de Março, cortando caminho para chegar ao estacionamento dos ônibus sob o Viaduto Diário Popular. Procurada para falar sobre a questão dos flanelinhas e da segurança na área, a Polícia Militar não respondeu até as 20h. / COLABOROU TIAGO DANTAS

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