Após fechar comércio na Faria Lima, protesto de sem-teto fecha Marginal

Manifestantes saíram do Largo da Batata, cruzaram Ponte Cidade Jardim, caminharam na Marginal e chegaram à Ponte Estaiada. Comércio fechou portas na Av. Faria Lima

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Por Monica Reolom
Atualização:

Atualizada às 22h19

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SÃO PAULO - Manifestantes do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) que se concentraram na noite desta quinta-feira, 22, no Largo da Batata, em Pinheiros, zona oeste, caminharam pela Avenida Faria Lima, atravessaram a Ponte Cidade Jardim, bloquearam a pista expressa da Marginal do Pinheiros e chegaram à Ponte Estaiada, onde se dispersaram por volta das 21h. Por segurança, a Polícia Militar, que acompanhou o ato, decidiu fechar também a pista local. O protesto foi pacífico.

A PM estima que o ato reuniu cerca de 15 mil manifestantes - um efetivo de 100 policiais acompanhou a marcha. Entre as pessoas que participaram do ato estavam crianças, jovens e idosos. Este foi o terceiro ato "Copa do povo, tô na rua de novo". No carro de som, Guilherme Boulos, líder do MTST, questionou o número divulgado pela PM e disse que havia 35 mil na marcha. "A polícia tem de voltar para a aula de matemática", afirmou. 

Os manifestantes saíram do Largo da Batata por volta das 18h e, meia hora depois, o carro de som cruzava a esquina com a Rebouças. O Shopping Iguatemi e lojas da Avenida Faria Lima fecharam as portas com a passagem do MTST. Ruas foram bloqueadas, causando lentidão na região. Perto do shopping houve um princípio de confusão. Um pedestre chamou os manifestantes de vagabundos e partiu para cima deles. Os próprios sem-teto seguraram o rapaz, a polícia interveio e a situação foi controlada.

Às 19h15, eles atravessaram a Ponte Cidade Jardim e pegaram a Marginal no sentido da Ponte Estaiada, deixando o trânsito na região ainda mais complicado.

Quase não choveu durante o ato. Manifestantes levavam várias bandeiras vermelhas do movimento, além de outras do Brasil e cornetas verde-amarelas. Em carro de som, um dos líderes convocou para o proteto, chamado de "quinta vermelha".

"Se eles (polícia ou ordem judicial) vierem amanhã (sexta-feira, 23) e quiserem desocupar sem negociar, sem darem garantias reais àquelas famílias, vai haver resistência. Se eles insistirem, vai ter uma Copa de sangue", disse Boulos, sobre a ocupação em Itaquera. Uma audiência está marcada para esta sexta, às 11h, no Fórum de Itaquera para decidir o impasse.

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Reivindicações. Os manifestantes lutam por moradia e contra a especulação imobiliária e pedem ainda mais verba para a saúde pública, transporte público gratuito e de qualidade, acesso e qualidade da educação, desmilitarização da Polícia Militar e soberania durante a Copa.  Do carro de som, uma integrante do MTST reclamava da Fifa. "Enquanto o governo e a Fifa se preocupam com a Copa, os aluguéis não param de subir, os ônibus continuam lotados", diz.

Morador de uma ocupação no Jardim Ângela, o vendedor Gustavo Ferreira Gonçalves, de 50 anos, afirmou que participava do ato para reivindicar moradia para todos. "A gente vem dar uma força ao movimento, que luta pela moradia do povo. Está todo mundo junto com o mesmo objetivo", diz. Ele afirma não ser contra a Copa, mas contra o descaso com os mais pobres. "Cada um no seu lugar, desde que não nos deixem desamparados."

Boulos encerrou o ato em cima do carro de som, por volta das 21h. "Estamos na rua por um motivo muito claro, não porque achamos bonito ocupar a ponte estaiada. Temos propostas claras para os governos ouvirem. Não adianta fazer Copa, jogá-la nos nossos olhos e esperar que aceitemos calados. Hoje queremos dizer que a Copa é do povo", disse, antes de encerrar. "Ou o recurso para moradia aparece agora ou o junho da copa será vermelho de luta." Segundo ele, se as respostas das autoridades às reivindicações não vierem, mais atos serão programados para a próxima semana.

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