Após confusão, circulação de trens da Linha 3 do Metrô é interrompida

Problema em trem paralisou o serviço em 10 estações às 18h19 desta terça-feira, 4; passageiros abriram portas de 7 composições. Seguranças da companhia chegaram a agredir usuários na Sé e secretário estadual falou em ação de 'grupos organizados'

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Por Barbara Ferreira Santos , Bruno Ribeiro , Laura Maia de Castro , Monica Reolom , Victor Vieira e Rebecca Silva
Atualização:

SÃO PAULO - Uma falha nas portas de um dos trens da Linha 3-Vermelha do Metrô paralisou o ramal em dez das 18 estações, das 18h19 até 23h22. Por causa do calor e da superlotação, usuários que esperavam mais de 20 minutos para seguir viagem acionaram os botões de emergência para abertura de portas de sete composições diferentes. Houve tumulto e pânico entre os passageiros. Os trens circularam apenas entre as Estações Corinthians-Itaquera e Tatuapé. 

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Na confusão, seguranças do Metrô agrediram passageiros na Estação Sé. Houve tumulto e depredação na plataforma. Reforço policial foi solicitado pela direção da empresa. Milhares de usuários tiveram de caminhar pelos corredores estreitos ao lado dos trilhos. Ao redor das Estações Marechal Deodoro, Santa Cecília, República e Anhangabaú era possível ver passageiros chorando e passando mal. Na Sé, passageiros foram socorridos pelos bombeiros. "Foi muita gente espremida na multidão", disse um segurança do Metrô.

O auxiliar administrativo Mauro André de Souza Pereira, de 29 anos, tentava voltar para casa do trabalho, quando enfrentou a pane. "Na Marechal Deodoro, o trem ficou parado por uns 40 minutos. Quando saiu, antes de chegar à Estação Santa Cecília, parou de novo. Tudo fechado. Comecei a transpirar, a ter problema de pressão, foi horrível", contou. 

Na Estação Anhangabaú, Nataly Castro também relatou a confusão entre os usuários. "Estava tão cheio que já tinham vetado o acesso dos passageiros na linha porque não tinha lugar na plataforma. Não tinha mesmo. Já na Sé, eles diziam que havia um problema na República. Os seguranças tiveram de sair da estação, porque as pessoas estavam agressivas, ficaram nervosas", afirmou.

A Estação Sé teve a situação mais tensa. Segundo passageiros, seguranças da empresa tentaram restabelecer a operação ao fazer os usuários voltarem para um dos trens parados ali, que vinha do Anhangabaú. Foi quando os passageiros que passavam mal se recusaram e houve briga.

A estação teve placas indicativas e vidros quebrados. Passageiros chutaram as latarias e as janelas do trem. Em meio à briga, mulheres tentavam subir as escadas superlotadas. O acesso às plataformas da Linha 1-Azul teve de ser fechado. 

À noite, ao Jornal da Globo, o secretário dos Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes, acusou a ação de "grupos organizados". "Havia pessoas gritando palavras de ordem em meio ao tumulto", disse. Segundo ele, tudo vai ser apurado. 

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Frota K. O presidente do Sindicato dos Metroviários, Altino de Melo Prazeres, disse que o trem que provocou a pane é o veículo K-07. A composição faz parte de um lote de trens reformados a partir de 2008 pelo Metrô cujos contratos foram cancelados na segunda-feira, 3, pelo Ministério Público Estadual, que considerou a reforma "danosa" ao Estado, uma vez que os trens vêm apresentando problemas. 

O Metrô foi questionado sobre o trem K-07 e não respondeu até 23h30. Em nota, a empresa disse que o problema no primeiro carro foi na Sé e se resolveu em 8 minutos, mas "alguns usuários permaneceram nas passarelas de emergência". 

Linha 4. O caos na Linha 3 foi a segunda falha ontem no sistema. À tarde, uma pane elétrica havia afetado o serviço da Linha 4-Amarela (Luz-Butantã), provocando o fechamento das Estações Luz e República. A ViaQuatro afirmou que houve uma falha elétrica externa. 

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