Após arrastão em restaurante do Itaim, PM diz que vai reforçar ação no bairro

Ao menos 19 clientes tiveram relógio, dinheiro e celular roubados no 19º ataque do tipo no ano na cidade

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Por Artur Rodrigues , Bruno Paes Manso e BÁRBARA FERREIRA
Atualização:

Quatro bandidos fizeram um arrastão na noite de anteontem no bistrô Ruella, no Itaim-Bibi, zona sul de São Paulo. Horas depois de os ladrões fugirem com dinheiro, celulares e relógios de 19 clientes, a cúpula da Segurança Pública decidiu se reunir na próxima semana com donos de restaurantes e expandir para o bairro a operação policial que desde março já vem combatendo esse tipo de crime nos Jardins, em Moema e na Vila Madalena.Só neste ano, já foram pelo menos 19 arrastões na cidade, muitos em estabelecimentos famosos das zonas sul e oeste, o que vem causando cobranças por mais segurança por parte de empresários do setor gastronômico. Quando os assaltantes chegaram ao Ruella, por volta das 23 horas de quinta-feira, o bistrô estava lotado, com aproximadamente 70 pessoas. Entre os clientes estava o humorista Felipe Andreoli, que, pelas redes sociais, fez um desabafo acusando o poder público de omissão (veja trecho ao lado).De acordo com a proprietária do restaurante, a chef Danielle Dahoui, dois criminosos renderam primeiro dois manobristas. Em seguida, entraram no Ruella e obrigaram os clientes que estavam fumando ou comendo nas mesas da parte externa a entrar no bistrô. Danielle conta que os bandidos aparentavam estar calmos, mas ameaçaram atirar nas pessoas se elas escondessem algo. A chef afirma que os ladrões queriam celulares, relógios e dinheiro. Em cerca de três minutos, ela calcula, assaltaram 19 clientes e fugiram. A quadrilha tinha mais dois homens dando apoio ao assalto - um deles ficou na porta e um quarto esperava os comparsas em um carro. Seguranças perceberam o crime e a Polícia Militar foi acionada, mas, quando os policiais chegaram, os bandidos já haviam fugido. Bandeira. Depois de passar a figurar entre as vítimas de arrastões na cidade, Danielle promete mobilizar donos de restaurantes para cobrar uma ação eficaz do poder público. "Fiquei envergonhada pela situação em que São Paulo se encontra. Estou indignada pela falta de segurança, uma obrigação do Estado, e vou transformar isso em bandeira", afirmou. A Secretaria de Estado da Segurança Pública não contabiliza o número de arrastões, incluídos nas estatísticas gerais de roubo. Mas pelo menos 19 casos já foram revelados pela reportagem do Estado em bairros da cidade conhecidos pela boa oferta de opções gastronômicas, como Itaim, Morumbi, Pinheiros, Vila Madalena e Higienópolis. O número de ocorrências já se aproxima do total do ano passado, quando a reportagem contabilizou 26 casos.Reação. O caso de anteontem será investigado pela recém-criada 2.ª Delegacia de Intervenções Estratégicas, especializada em crimes "da moda", como os arrastões. Integrantes da Polícia Militar e dessa nova unidade de crimes sazonais vão se reunir com donos de restaurantes na próxima semana. Uma das ideias da cúpula da PM é estender a outros bairros - além de Jardins e Moema, na zona sul, e Vila Madalena, na oeste - a operação antiarrastão feita desde março. Bairros como Morumbi e Itaim-Bibi, onde já ocorreram arrastões neste ano, devem receber reforço no efetivo policial.O anúncio de melhorias no policiamento também foi feito no ano passado, quando a cúpula da Segurança Pública se reuniu com os donos de restaurantes após o início de uma série de arrastões. "Na época, aumentaram o policiamento e deu resultado. A impressão que tenho é que agora voltou à rotina", disse Percival Maricato, da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel). Solução. Recém-criada, a "delegacia de crimes da moda" desvendou nesta semana o primeiro caso de roubo em restaurante. Na segunda-feira, criminosos invadiram uma pizzaria na Vila Mariana e roubaram 20 pessoas em três minutos. Dois dias depois, na quarta-feira, policiais chegaram ao esconderijo dos ladrões, na zona leste, a partir de um dos celulares roubados. Um suspeito foi morto e três fugiram. Cerca de 90% dos pertences das vítimas foram recuperados.

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