O 126º aniversário da Avenida Paulista coincide com o ápice de sua maturidade como espaço público: democrática, vibrante e acessível. Cada vez mais disputada por pessoas de todas as idades, sejam elas pedestres ou ciclistas, a avenida ganha uma leva de novos edifícios responsáveis por exaltar e fortalecer sua vocação cultural, tornando-a ainda mais atraente aos olhos do paulistano.
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Em setembro, foi inaugurada a nova sede do Instituto Moreira Salles (IMS), projeto do escritório paulistano Andrade Morettin, que desenhou um edifício sem portas. A partir do térreo completamente aberto, uma escada rolante conduz a uma praça elevada, aberta para a avenida como uma grande varanda. O percurso flui de maneira natural, encadeando surpresas - como a belíssima biblioteca do instituto - para desembocar na própria Paulista como a melhor delas. O encanto em fazer com que o visitante entre no edifício sem se dar conta já havia consagrado outro edifício a poucos metros dali: o Conjunto Nacional, de 1956, projeto de David Libeskind. Integrados à calçada e à cidade, estes exemplos enriquecem nosso repertório de como fortalecer a relação com o espaço público.
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Outro ponto que vale atenção é a recém-inaugurada Japan House, aberta em maio para divulgar a cultura japonesa contemporânea. O projeto do arquiteto japonês Kengo Kuma e parceria com o escritório FGMF partiu da recuperação de um edifício onde antes funcionava uma agência bancária, dando a medida da capacidade metamórfica da avenida. Do outro lado da calçada, outra reforma importante vai chegando à reta final: o Sesc Paulista, projeto do escritório Königsberger Vannucchi, deverá abrir as portas no segundo trimestre de 2018. Assim como o IMS, ele também convidará o pedestre a adentrar por um térreo aberto, de onde parte a escada rolante que conduz a uma praça suspensa.
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Os novos edifícios somam-se a outros tão emblemáticos quanto o próprio Masp, cujo desenho de Lina Bo Bardi incluiu o projeto expositivo que foi recuperado e atualizado pelo Metro Arquitetos em 2015. Tudo isso prova que a avenida está em constante transformação, reinventando sua capacidade de abrigar, além das obras em questão, edifícios residenciais, serviços, escritórios, hospitais, escolas e até faculdade. A cidade que se encontra ali não poderia ser mais pujante.
Agora, cabe à avenida irradiar para fora de seus limites e contaminar seus arredores com atrações, espaços interessantes e aquilo que a cidade tem de melhor: as pessoas. A Paulista nos inspira a buscar a cidade que São Paulo pode ser.
*ANDRÉ SCARPA É SÓCIO DO NITSCHE ARQUITETOS E COLABORADOR DO PROJETO ESQUINA