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Análise: Faltou negociação entre MPL e governos

Por Marco Antonio Carvalho Teixeira
Atualização:
Aula Pública do MPL no Vale do Anhangabaú Foto: Evelson de Freitas/Estadão

Um espectro ronda prefeitos e governadores que tomaram a decisão de aumentar a tarifa do transporte público: a possibilidade de se reeditar as grandes manifestações de junho de 2013. Todavia, as medidas tomadas pelo prefeito Fernando Haddad (PT) e pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) devem ser vistas de forma isolada, uma vez que ambos anunciaram, junto com o reajuste, a adoção do passe livre para estudantes da rede pública e beneficiários de programas de inclusão como o Fies e o ProUni. Isso pode reduzir o impacto dos protestos do MPL, mas não necessariamente deverá evitá-los. 

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Existem diversas razões para que os protestos aconteçam em São Paulo. A principal delas é que, apesar de ter havido, principalmente por parte da Prefeitura, uma forte ênfase em ações voltadas para a melhoria da qualidade do transporte público, a questão não avançou como se esperava. Atrasos e superlotação no metrô, nos trens metropolitanos e nos serviços prestados por empresas de ônibus ainda persistem e também devem estimular as mobilizações. É bom lembrar que as manifestações de 2013 também foram por mais políticas de mobilidade urbana e pela melhoria da qualidade dos serviços, e não só pelo preço da passagem. 

Entre 2013 e janeiro de 2015, as autoridades públicas e o Movimento Passe Livre não estabeleceram nenhum canal de negociação específico com tal objetivo. Os protestos vão se transformar em um grande teste para os dois lados. Podem desgastar o MPL e fragilizar os governos. O melhor caminho para evitar tal risco teria sido uma solução negociada. 

MARCO ANTONIO CARVALHO TEIXEIRA É CIENTISTA POLÍTICO ESPECIALIZADO EM GESTÃO PÚBLICA DA FGV-SP

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