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Combate a crimes contra o patrimônio exige nova estratégia

Queda de homicídios é avanço, mas é preciso reconhecer que há mais perguntas a serem feitas que explicações a serem formuladas

Por Carolina Ricardo
Atualização:

Para explicar a redução dos homicídios é necessário realizar um diagnóstico das dinâmicas desse crime, além de avaliações aprofundadas das ações implantadas pelas polícias. A queda dos homicídios já é histórica no Estado e há relativo consenso de que foi um conjunto de ações, composto por políticas de reorganização das polícias, de investimento na especialização da investigação, de controle de armas e de prevenção, além de outras hipóteses como a influência do crime organizado, que culminou nesta redução. Sabemos que a receita do bolo funcionou, mas não é possível afirmar quanto de cada ingrediente contribuiu para a queda. 

A queda de homicídios é um avanço, mas é preciso reconhecer que sobre ela há muito mais perguntas a serem feitas do que explicações a serem formuladas. O perfil do homicídio mudou? Polícias Militar e Civil têm trabalhado de forma mais integrada? Há mais crimes esclarecidos? A política de produção de dados tem buscado melhorar a qualidade das estatísticas, tornando-as mais confiáveis? O programa de metas e gestão por resultados implantado em janeiro de 2014 pode ter alguma relação com essa diminuição? 

Só na capital foram 58 latrocínios neste primeiro semestre, contra 76 do mesmo período do ano passado, representando uma queda de 23,68% Foto: Tiago Queiroz/Estadão

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As mesmas perguntas valem para os crimes contra o patrimônio. Já que a preocupação com eles é mais recente que com os homicídios, é necessário que a política de controle parta da análise objetiva das informações, exigindo que perfis e motivações estejam no topo do dado a ser analisado e da explicação a ser fornecida pelas autoridades.

Enquanto não for adotada uma política de diagnóstico constante, formulada com base nos registros, das investigações e de esclarecimentos, seguiremos a cada divulgação mensal das estatísticas buscando explicações que vão variar segundo o interesse do interlocutor ouvido, sem a objetividade necessária para uma política de segurança pública mais eficiente. 

CAROLINA RICARDO É ASSESSORA SÊNIOR DO INSTITUTO SOU DA PAZ

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