Ameaça de ativistas suspende procissão de 134 anos em São Roque

Telefonemas anônimos aos organizadores informaram que os bois que puxariam a lenha no evento seriam libertados, como aconteceu com os beagles que eram usados em pesquisas

PUBLICIDADE

Foto do author José Maria Tomazela
Por José Maria Tomazela
Atualização:

SOROCABA - Pela primeira vez em 134 anos, a Entrada dos Carros de Lenha, tradicional festa religiosa que será realizada neste domingo, 3, em São Roque, região de Sorocaba, não terá a participação dos carros de boi. Alegando terem sido ameaçados por ativistas que defendem animais, os festeiros decidiram suspender a participação dos veículos de tração animal na procissão. Os carros puxados por juntas de bois serão substituídos por tratores. De acordo com a prefeitura, os festeiros receberam ameaças por telefone e mensagens pela internet.

Os ativistas, que não se identificaram, ameaçaram invadir o evento e libertar os bois, caso os animais fossem usados na procissão, informou a prefeitura. Os festeiros já haviam obtido a liberação do uso dos animais junto ao órgão de Defesa Sanitária Animal da Secretaria da Agricultura do Estado. Mesmo assim, optaram por suspender a entrada dos carros de boi para “evitar um possível tumulto”, segundo a prefeitura.

Carros puxados por juntas de bois serão substituídos por tratores Foto: Leonardo Filoso/Prefeitura de São Roque

PUBLICIDADE

A Entrada dos Carros de Lenha ocorre sempre no primeiro domingo de agosto e faz parte dos festejos em louvor a São Roque, padroeiro da cidade, que também comemora aniversário. A festa dura 16 dias e a doação de lenha é uma tradição iniciada em 1880. Na época, a lenha era um bem de alto consumo nos fogões domiciliares e de estabelecimentos comerciais. A arrecadação de lenha, trazida em carros de boi, garantiu o recurso para pagar a compra de uma imagem do padroeiro importada da França.

Beagles. De acordo com a prefeitura, o autor de um dos telefonemas avisou que os bois também merecem proteção e fez menção ao caso dos beagles. Em outubro do ano passado, ativistas invadiram o Instituto Royal, em São Roque, e libertaram 178 cães da raça beagle que seriam usados em testes de medicamentos. As instalações foram depredadas. A ação teve o apoio de mascarados conhecidos como black-blocs. Uma semana depois, o instituto encerrou as atividades no município.

Tudo Sobre
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.