Além de salário de R$ 18,9 mil, vereadores mantiveram regalias

Depois do aumento de 26,3% aprovado pela própria Câmara, parlamentares terão carros à disposição e passagens aéreas nacionais e internacionais

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Por Juliana Diógenes
Atualização:

SÃO PAULO - Na contramão dos cortes de gastos públicos anunciados pelo prefeito eleito João Doria (PSDB), que promete reduzir pessoal, contratos e até frota de automóveis municipais, os vereadores de São Paulo terão salário de R$ 18,9 mil – após aumento de 26,3% aprovado por eles mesmos na terça-feira, 20 –, além de carro e passagens aéreas para viagens nacionais e internacionais pagos pela Câmara Municipal.

Placar da votação do aumento de salário dos vereadores em dezembro de 2016 Foto: Juliana Diógenes/Estadão

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Em 2017, já com a nova remuneração, os parlamentares continuarão tendo à disposição regalias bancadas pela Casa, como um carro e passagens aéreas. Caso não queiram o veículo, os vereadores podem pagar o combustível com verba do gabinete – há vereadores que gastam R$ 2 mil por mês somente com gasolina.

O auxílio encargo-geral, nome oficial para verba de gabinete, é hoje de R$ 22 mil por vereador ou R$ 264 mil anuais. Mas a partir de janeiro será maior, pois sofrerá reajuste. A Câmara informou que o cálculo será feito somente no próximo mês. Os vereadores dispõem ainda de recursos anuais que superam R$ 1,7 milhão para pagamento de funcionários – cerca de R$ 143 mil por mês. Esse valor também será reajustado na data-base dos servidores, em março, e portanto será elevado a partir de abril.

Anualmente, a Câmara conta também com R$ 26 milhões para gastos com publicidade. Segundo a assessoria de imprensa da presidência da Casa, até esta quarta-feira, 21, foram gastos R$ 8 milhões desse montante disponível. Com essa verba, a Câmara divulga informações sobre audiências públicas e custeia cadernos e cartilhas com detalhes sobre os projetos de lei em discussão. 

Os vereadores se beneficiam da visibilidade publicitária da Casa quando são autores ou relatores de um projeto, por exemplo. Mas, no caso do aumento salarial, não usaram desse benefício para debater o assunto em audiências públicas ou esclarecer a população sobre as razões para o reajuste.

Doria. A aprovação do elevação salarial pode ser considerada a primeira “desobediência” por parte da bancada que vai compor a base de Doria (PSDB). Ele se manifestou diversas vezes contra o aumento. Mas aliados do tucano votaram a favor. No início do mês, Doria anunciou cortes de R$ 8 bilhões nos gastos públicos. Serão cortes de pessoal, de valor de contratos, de gastos de custeio e até da frota de automóveis municipais a partir de janeiro. O tucano chegou a mandar que os secretários usem táxi e Uber. Um dos cortes já oficializados é uma redução linear de 15% no valor dos contratos da Prefeitura com os fornecedores privados.

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