Adolescente denuncia exploração sexual por médico e políticos em SP

Menina de 13 anos foi forçada a fazer programas, em Ipiguá, interior do Estado, para pagar por comida e moradia

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Por Patrícia Machado
Atualização:
Menina procurou o Conselho Tutelar da cidade Foto: DIVULGAÇÃO

A Polícia Civil instaurou nesta quarta-feira, 27, um inquérito para investigar a denúncia de exploração sexual de uma adolescente de 13 anos que teria sido abusada por pelo menos dois políticos, um médico, um advogado e um funcionário público na cidade de Ipiguá, na região de São José do Rio Preto. A denúncia foi feita pelo Conselho Tutelar. A menor teria sido aliciada por uma mulher de 38 anos, namorada de Abner Calixto, suspeito de matar o delegado de São José do Rio Preto, Guerino Solfa Neto, durante uma tentativa de assalto no mês passado. Calixto está preso.

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O caso veio a público na última terça-feira, 26. Em entrevista à TV TEM, afiliada da Rede Globo, a menor contou que no início do ano foi expulsa de casa pela mãe, que é usuária de drogas, e foi morar com um namorado. Depois que o relacionamento terminou, ela continuou na casa do rapaz e a mãe dele, que já fazia programas, teria exigido que a menor também se prostituísse para pagar pela comida e moradia. 

A aliciadora marcava os encontros por celular e a adolescente recebia entre R$ 50 e R$ 200 por programa. Ainda de acordo com a menor, a mulher forneceria cocaína, que ela usava antes de se prostituir. Os clientes buscavam a garota em casa ou em um ponto previamente combinado. Os programas aconteciam em motéis. Entre os suspeitos de abusar sexualmente da menor estão dois políticos, um médico, um advogado e um funcionário público da cidade.

A adolescente conta que foram quatro meses de exploração sexual, até que ela soube que o namorado da aliciadora, Abner Calixto, era suspeito de matar um delegado de polícia. O crime aconteceu na noite de 25 de junho e Calixto foi preso três dias depois, em São Paulo. Assustada, ela procurou uma conhecida e contou toda a história. Foi essa mulher quem levou o caso ao conselho tutelar, dando início às investigações.

O caso está sendo acompanhado pelo Ministério Público por meio da Promotoria da Infância e Juventude e também pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado). Com a instauração do inquérito pela polícia nesta quarta-feira, 27, os suspeitos de terem abusado da menor devem ser ouvidos. A adolescente foi levada para um abrigo fora de Ipiguá. O local está sendo mantido em sigilo para evitar que ela receba ameaças.  

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