Acidentes aumentam em SP, mas têm menos mortes, diz governo

Administração estadual lança plataforma de dados de trânsito e quer atingir meta estabelecida pela Organização das Nações Unidas

PUBLICIDADE

Por Luiz Fernando Toledo
Atualização:

SÃO PAULO - Dados divulgados nesta terça-feira, 23, pelo governo de São Paulo apontaram crescimento na quantidade de acidentes com vítimas no Estado entre 2014 e 2015. Os números mostraram elevação de 2% nos registros nesse período: foram 239.508 casos com vítima no ano passado, ante 234.078 em 2014.

Já o número de óbitos caiu no período: de abril a dezembro - o governo alega que uma mudança no sistema de dados impossibilitou verificar os dados de janeiro a março em 2014 - foram 4.583 mortes em 2015, ante 5.170 no ano anterior. Já em todo o ano de 2015, foram 6.066 mortes (veja mais informações sobre o perfil dos acidentes no infográfico abaixo).

Segundo o Infosiga SP, motociclistas(29%) e pedestres (28%) foram os que mais se envolveram nos acidentes em 2015 Foto: Mister Shadow/Estadão

PUBLICIDADE

As informações estão disponíveis em uma nova plataforma criada pelo governo estadual para centralizar os dados de acidentes de trânsito de todos os municípios paulistas (www.segurancanotransito.sp.gov.br). O site divulgará estatísticas como número de acidentes com vítima, óbitos e perfil das vítimas.

Informações sobre acidentes de trânsito já eram divulgadas pela Secretaria da Segurança Pública (SSP). A novidade, explica o coordenador do Movimento Paulista de Segurança no Trânsito, Evandro Vale, é que as estatísticas consideram também as vítimas que morreram depois do acidente, no hospital, não apenas os óbitos constatados no local. “A SSP divulga os homicídios culposos e dolosos. O novo sistema engloba todos os óbitos, que eventualmente foram levados ao hospital”, explica.

Repasses. Além da medida, o governo anunciou repasse de R$ 10,5 milhões a 15 cidades paulistas com o maior número de vítimas em acidentes de trânsito proporcional à população. Com isso, Amparo, Atibaia, Barretos, Catanduva, Fernandópolis, Itanhaém, Jacareí, Piedade, Praia Grande, Registro, Ribeirão Preto, São Carlos, São José do Rio Preto, São Roque e Sorocaba terão recursos extras para investir na área.

O objetivo do mapeamento é atingir uma meta nacional estabelecida pela Organização das Nações Unidas (ONU) de redução de mortes no trânsito em 50% até 2020.

O presidente do Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo (Detran-SP), Daniel Annenberg, apontou outras medidas que deverão ser tomadas nos próximos meses, como a capacitação de professores na rede pública para oferecer aulas de educação no trânsito.

Publicidade

Para o diretor da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet), Dirceu Rodrigues Alves Junior, a razão do aumento nos acidentes está em uma “deficiente” educação sobre o assunto. “São campanhas tolas que se iniciam e logo findam e não estão trazendo benefícios”, critica.

Ele aponta a necessidade de fortalecer os cursos de condutores. “O motorista não sabe o que é andar na chuva, em um piso escorregadio, na estrada, fazer uma ultrapassagem de veículo longo, enfim, não conhece as condições adversas e vai aprender a andar na prática.”