Abril tem menos chuva sobre o Cantareira

Até dia 12, pluviometria no reservatório ficou perto da metade do que foi registrado em 2014, quando o manancial já estava em crise

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Foto do author José Maria Tomazela
Por Victor Vieira e José Maria Tomazela
Atualização:

SÃO PAULO - O volume de chuva sobre o Sistema Cantareira, nos 12 primeiros dias de abril, é praticamente a metade (52,8%) da pluviometria registrada no mesmo período de 2014, quando São Paulo já vivia a crise hídrica. Após dois meses seguidos de chuva acima da média, o manancial começa a enfrentar os efeitos da nova temporada de estiagem. Até este domingo, 12, o índice pluviométrico de abril era de 11,2 milímetros de chuva - ante 21,2 milímetros no ano passado, segundo dados da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). A média histórica para o mês é de 89,8 milímetros, o que significa que choveu até agora só 12,5% do previsto. Mesmo sem chuva, o nível do Cantareira se manteve estável neste domingo, com 19,9% de sua capacidade, o que inclui duas cotas do volume morto no cálculo. Já são 70 dias em que o índice de água do reservatório não recua. Há um ano, o nível era de 12%, mas sem reservas técnicas.

Sistema Cantareira. O principal reservatório de abastecimento da Grande São Paulo sofre com a maior seca da história na região Foto: Nacho Doce/Reuters

A recuperação da entrada de água no Cantareira em fevereiro e março fez o governo Geraldo Alckmin (PSDB) adiar a decisão sobre o rodízio oficial. A expectativa é atravessar todo o período seco, entre abril e setembro, sem adotar a medida.

Apesar disso, cálculos do governo já apontavam para um abril mais pessimista. O

Estado

mostrou no mês passado que um ofício enviado pela gestão paulista à Agência Nacional de Águas (ANA) previa que o volume morto não seria recuperado totalmente até o fim de abril.

Segundo o documento, o principal manancial paulista deve terminar o mês com nível 6% abaixo de zero, ou seja, ainda na reserva profunda. Considerando as últimas médias de entrada e saída de água no sistema, o volume morto não será recuperado antes de julho.

Alternativa.

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Já a Represa do Guarapiranga, que desde março tomou o lugar do Cantareira como maior produtor de água de São Paulo, teve queda neste domingo. O índice do sistema, localizado na zona sul de São Paulo, era de 83,8% de sua capacidade. A perda foi de 0,2 ponto porcentual em relação ao dia anterior. Na mesma data, em 2014, o nível era menor, de 77%.

Paraíso ecológico. A fonte que ajudará a Região Metropolitana de São Paulo a reduzir a dependência do Cantareira fica em um paraíso ecológico. A Cachoeira do França, no Rio Juquiá, onde a Sabesp captará 4,7 mil litros de água por segundo a partir de 2017, está cercada por Mata Atlântica. 
A represa integra conjunto de oito reservatórios feitos para fornecer energia a uma indústria da região de Sorocaba. A abundância e a qualidade da água convenceram o governo da viabilidade de buscar água no Vale do Ribeira. Para chegar à Grande São Paulo, a água tem de vencer desnível de 360 metros e distância de quase 100 quilômetros.
O projeto é desenvolvido pelo Sistema Produtor São Lourenço. As adutoras se estenderão por 83 quilômetros, subindo a Serra do Mar para chegar e abastecer Vargem Grande Paulista. A água será distribuída ainda para Barueri, Carapicuíba, Cotia, Itapevi e Santana do Parnaíba, podendo atender a zona oeste da capital.
São previstas novas captações na Bacia do Rio Juquiá, que tem volume estocado equivalente a dois Cantareiras. A diferença é que as represas do Cantareira perderam quase toda a mata ciliar. Já as águas do Vale do Ribeira continuam protegidas pela floresta.

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