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A cidade em dois tempos

Ensaio compara a capital ainda acanhada com a megalópole de hoje

Por Rodrigo Brancatelli
Atualização:

Castelinho, na esquina das ruas São João e Apá, em Santa Cecília

 

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Da taipa-de-pilão ao tijolo e concreto, passando pelas belas casas modernistas e também pelos discutíveis prédios neoclássicos, São Paulo foi construída e destruída inúmeras vezes, aumentando a sensação de uma capital eclética, diversificada e multifacetada. Ao mesmo tempo, esse imenso mosaico urbano também acaba muitas vezes por esconder grande parte da memória paulistana, principalmente no que diz respeito à história de ruas, endereços e pessoas que fizeram a cidade ser o que ela é hoje. As "São Paulos" do café, da belle époque e do brutalismo acabaram quase renegadas, escondidas por pontes pesadas, prédios comerciais cheios de vidros e edifícios residenciais.

 

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Cenário da Rua Sena Madureira com a Rua Botucatu, na Vila Mariana

 

Contraste. Replicado por aqui, o projeto coloca a São Paulo de ontem na São Paulo de hoje, ajudando a compreender as transformações urbanas e a ver de uma forma diferente a beleza que ainda resiste na cidade. Com as alterações estéticas, é possível também enxergar o contraste do espírito de dois tempos, da São Paulo ainda acanhada com a megalópole de hoje. É como se a amálgama das duas realidades materializasse a lembrança de São Paulo, misturando concretamente o passado e o presente. "Com a comparação, dá para ver claramente toda a história que perdemos", diz o fotógrafo Douglas Nascimento, um dos colecionadores que ajudaram no ensaio. "Quanto mais tradição você possui, mais memória você tem, mais civilizado você fica", completa o pesquisador Ralph Mennucci Giesbrecht, que também dividiu seu acervo fotográfico com a reportagem. "Só assim você consegue se identificar melhor com sua a própria cidade."

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