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1/4 da Medicina da USP fez Fuvest 4 vezes

No curso com uma das maiores notas de corte, 84% dos aprovados prestam mais de uma vez a prova; índice geral é de 61% na instituição

Por Barbara Ferreira Santos e Victor Vieira
Atualização:

Se a preparação para o vestibular significa ansiedade e noites mal dormidas, o sacrifício é ainda maior para quem tenta entrar em Medicina na Universidade de São Paulo (USP). No processo seletivo deste ano, 84% dos futuros médicos não passaram na primeira tentativa - bem acima da média geral da USP, de 61%. Dos calouros de Medicina de 2014, no câmpus da capital, quase 26% fizeram o vestibular quatro ou mais vezes antes da sonhada aprovação. Mariângela Alves conhece a prova da Fuvest, exame para ingresso na USP, quase tão bem quanto muitos professores de pré-vestibular. Hoje aluna de Medicina da universidade, ela teve de enfrentar a prova cinco vezes. "A pior parte era ver os amigos passarem enquanto eu ficava para trás", conta ela, de 25 anos. "Mas as dificuldades até se apagam agora. Valeu a pena", reconhece a jovem, que destaca o apoio dos pais e do namorado como principais estímulos para persistir no objetivo. Como vários outros candidatos de Medicina, Mariângela chegou a trocar a opção de curso para encurtar o caminho até a faculdade. No segundo vestibular, optou por Enfermagem e começou o curso na USP. "Voltei ao pré-vestibular no ano seguinte porque percebi que deveria correr atrás da minha vocação. Meu desempenho sempre esteve bem perto da nota de corte", diz. Segundo ela, a experiência na faculdade também a ajudou para que tivesse mais foco nos estudos. Jessica Costa, de 20 anos, espera ter a mesma sorte de Mariângela. Embora a USP seja sua prioridade, a candidata também vai arriscar vestibulares de outras instituições públicas e privadas neste ano. "A pressão e a ansiedade, às vezes, pesam mais do que as dificuldades em algumas matérias", avalia a estudante, que tenta a Fuvest pela quarta vez. "No segundo semestre, já começa a bater desespero em relação à prova e dá vontade de desistir", afirma. A aluna, que até terminou um namoro para se dedicar aos livros, recorre a todos os artifícios na preparação: cantarola trechos das apostilas e escreve fórmulas na porta do guarda-roupa, para memorizar. Jessica sabe, porém, que não existe fórmula mágica para conquistar a vaga. "A experiência nos cursinhos me mostrou que compensa diminuir a quantidade de estudo, mas aumentar a qualidade", diz ela, que sempre reserva algumas horas do fim de semana para relaxar.Sem sufoco. Enquanto muitos tentam várias vezes, outros conseguem de primeira. Caio Zampronha, de 23 anos, não teve problemas para passar em dois dos cursos mais disputados da USP: Medicina e Audiovisual. A primeira vez que passou no vestibular foi em 2009, assim que saiu do ensino médio. Foi aprovado em Audiovisual, conciliando a escola com um semestre de cursinho. O foco das aulas extras foi na prova específica, obrigatória para a carreira. "O cursinho me ajudou a ficar mais confiante e a conseguir alguns truques. Mas é possível saber dessas dicas com quem já passou", afirma. Três anos depois, ainda na graduação, ele desistiu de Audiovisual e quis prestar a Fuvest novamente, desta vez para Medicina. "Não me via trabalhando com Audiovisual durante toda a vida." Passou, então, mais seis meses no cursinho e ingressou novamente de primeira. "Das duas vezes, passei perto da nota de corte. Acho que o que me motivou a ir bem na segunda fase é que não gostava do ambiente do cursinho e não queria mais fazer aquilo de novo", lembra. A dica foi priorizar nos estudos as disciplinas em que tinha menos habilidade, como Química, Física e Matemática. "No final, fui melhor nessas do que naquelas em que ia melhor antes, como Português."

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