Morre o candidato que pretendia assumir a queda dos homicídios como tema do Governo Federal

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Por Bruno Paes Manso
Atualização:
 Foto: Estadão

Uma estratégia nacional de combate aos homicídios capaz de direcionar as políticas nos estados e diminuir os mais de 50 mil assassinatos anuais que ocorrem no Brasil. A redução da criminalidade urbana seria uma das prioridades do discurso do candidato Eduardo Campos na campanha a presidente. Ele morreu hoje em acidente de avião em Santos. Essa era essa uma formas que o candidato buscava para se diferenciar dos seus concorrentes diretos, a candidata a presidente Dilma Rousseff e o tucano Aécio Neves.

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No dia 13 de março, em Recife, Campos comandou pela última vez uma reunião do Comitê Gestor do Pacto pela Vida, iniciativa que introduziu no Estado em 2008 e que é apontada como um dos principais fatores na redução dos homicídios em Pernambuco. O governador avaliava que os resultados da queda dos homicídios poderia mostrar para os eleitores sua capacidade de bom líder e gestor.

Desde que assumiu o Governo, ele passou a se envolver pessoalmente com o tema, comandando mensalmente as reuniões do Pacto pela Vida, que ocorriam semanalmente na Secretaria de Planejamento do Estado. Recife, em 2006, era a capital mais violenta do País. A redução da taxa de homicídios começou a ocorrer em 2007 e, no ano passado, chegou a 29 homicídios por 100 mil habitantes, semelhantes à de 1981. A redução na capital acumula 66% em sete anos, enquanto no Estado chegou a 39%. A queda mais acentuada ocorreu em Recife justamente no ano passado, quando os homicídios diminuíram 24% em relação ao ano anterior. A capital pernambucana ficou 140 dias sem assassinatos.

Algumas medidas são apontadas pela equipe como as mais relevantes para a redução dos crimes. Pernambuco, por exemplo, foi dividido em 26 áreas assumidas conjuntamente por policiais militares e civis, o que estimulou a parceria entre as corporações. A medida foi semelhante à tomada em São Paulo em 1999. Nas reuniões semanais do Pacto pela Vida, esses policiais eram cobrados pelo cumprimento das metas e pelas soluções dos assassinatos em uma sala com mais de 50 pessoas, com a presença mensal do Governador. Os policiais das áreas campeãs de redução de homicídios passaram a receber bônus que podiam dobrar os salários.

Policiais do grupo de Atuações Especiais, que era considerado a unidade de elite local cuidando principalmente de sequestros, foram transferidos ao recém criado Departamento de Homicídio, que também se expandiu. Um dos focos dos investigadores de homicídios foi a Turma do Apito, formada por seguranças privados e que quase sempre tinha integrantes das polícias. Para garantir a ordem em seus territórios, a Turma do Apito matava, tema que fez parte, inclusive, do filme pernambucano O Som ao Redor. O extermínio provocava reação e grupos opositores se formavam, iniciando disputas territoriais intermináveis cujo combustível era a vingança. Segundo o Governo, mais de 500 integrantes desses grupos foram presos.

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O principal, contudo, era seu papel de principal entusiasta do projeto, cobrando pessoalmente o cumprimento das metas.

Existiam também pontos vulneráveis na gestão da segurança de Campos, principalmente em relação ao sistema penitenciário. Nenhuma vaga foi construída em seu governo e o total de presos passou de 17 mil para 28 mil detentos. Uma das apostas era a construção de um complexo penitenciário em Itaquitinga com mais de 3 mil presos, via parceria público e privada. Mas a empresa responsável pela construção do presídio faliu e não acabou as obras. As facções, contudo, não chegaram ao status adquiridos em São Paulo. Por enquanto. Lá também são os presos que cuidam do dia a dia da prisão, a partir da figura do chaveiro, detento que, segundo aqueles que conhecem o sistema, coordena a rotina em cada um dos presídios. É também de dentro da prisão que o tráfico de drogas é gerido e se dissemina no Estado.

Entre as três principais metas que o candidato pretendia articular caso fosse eleito estavam:

1) Definir o arranjo do pacto federativo na área, estabelecendo mais claramente os papéis de estados e municípios no combate à criminalidade. Tornar a Federação uma das protagonistas nesse processo.

2) Aumentar e qualificar os investimentos em segurança pública

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3) Criar uma estratégia nacional de combate ao homicídio

 

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