PUBLICIDADE

Ex-comandante-geral da PM é eleito presidente do Conselho de Ética da Alesp

Coronel Camilo vai comandar colegiado que deverá investigar deputado denunciado por ele e o presidente da Assembleia

Por Fabio Leite
Atualização:

O deputado estadual Coronel Camilo (PSD), ex-comandante-geral da Polícia Militar, foi eleito na tarde desta quarta-feira, 11, presidente do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). O colegiado é encarregado de apurar denúncias de irregularidades envolvendo os parlamentares e não funcionava desde o início da atual legislatura, em março de 2015.

Camilo foi um dos deputados a assinar uma representação contra o deputado João Paulo Rillo (PT) por quebra de decoro ao empurrar um policial militar na terça-feira da semana passada durante a ocupação do plenário da Alesp por estudantes de escolas técnicas que cobravam a instalação da CPI da Merenda, para investigar o esquema de desvios de recursos da alimentação escolar.

Alckmin e Coronel Camilo, quando era comandante-geral da PM. Foto: Nilton Fukuda/Estadão

PUBLICIDADE

Os deputados Coronel Telhada (PSDB) e Delegado Olim (PP) também assinam o documento que pede punição ao petista pela agressão e pela suspeita de ter facilitado a entrada dos estudantes no plenário. Rillo afirma que o empurrão no PM, filmado e divulgado pela imprensa, foi uma reação a agressões feitas pelo policial contra ele e aos estudantes.

Camilo disse que "para que não haja nenhuma suspeita" sobre sua conduta na presidência do conselho ele não irá comandar as reuniões quando a sua representação feita contra Rillo for analisada. Neste caso, afirma, o processo será conduzido pelo vice-presidente eleito, Luiz Fernando Machado (PSDB). "Naquelas denúncias em que eu for o proponente não vou presidir o conselho", disse.

Para Rillo, a instalação do conselho que não funcionava há mais de um ano na semana seguinte ao episódio no qual é acusado de agressão é uma retaliação à oposição ao governo Geraldo Alckmin (PSDB), que tem sido cobrado pelos deputados por causa da "Máfia da Merenda".

Publicidade

O petista lembra que uma representação contra o presidente da Alesp, Fernando Capez (PSDB), já havia sido feita pelo PSOL em janeiro deste ano. Capez é investigado por suspeita de participação no esquema de superfaturamento de insumos e pagamentos de propina nos convênios da Cooperativa Agrícola Familiar (Coaf) com a Secretaria Estadual da Educação. Capez nega a acusação.

"Estou sendo submetido a um estado de terror, um ambiente intimidatório, com ameça de morte. Deputados desta Casa disseram que se sentiram envergonhados pelo fato de eu ter apoiado estudantes que cobram merenda nas escolas. O que sentiremos nós por quem rouba merenda, por quem mantém fucnionário fantasma, por quem direciona licitação, por quem é acusado de tortura, o que sentiremos nós por vários deputados que são investigados pelo Ministério Público?", questionou Rillo.

O petista queria que o Conselho de Ética já começasse a analisar nesta quarta-feira, 11, as representações feitas contra ele e contra Capez, mas Camilo disse que nenhuma delas havia chegado ao colegiado porque ele não estava funcionando. As discussões devem ser retomadas na semana que vem.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.