O bombeamento de água da Represa Billings para o Sistema Alto Tietê caiu mais da metade em abril, o mais seco da história do manancial. Dados divulgados pela Sabesp mostram que a transposição feita do Sistema Rio Grande (braço da Billings) para o Rio Taiaçupeba-Mirim (Alto Tietê), em Ribeirão Pires, no ABC paulista, foi de 1,7 mil litros por segundo nos últimos dias, apenas 42,5% da capacidade total de operação, que é de 4 mil l/s.
Segundo a Sabesp, a transferência de água entre os sistemas está abaixo da capacidade total "devido a manutenção". A companhia não informou, porém, o motivo dos reparos nem quando o bombeamento deve voltar a operar a plena carga. Considerada a principal ação para evitar o rodízio no abastecimento de água da Grande São Paulo, a obra custou cerca de R$ 130 milhões e foi inaugurada em 30 de setembro de 2015, com quatro meses de atraso, pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB).
O objetivo da transposição é levar água da Billings, que esteve cheia mesmo nos dois anos de crise hídrica, para o Alto Tietê, segundo manancial mais afetado pela estiagem, depois do Cantareira. Logo após a inauguração, contudo, a transferência teve de ser paralisada. A força da água bombeada acabou desbarrancando as encostas do Rio Taiaçupeba-Mirim, que teve de passar por obra de desassoreamento.
Depois, em outubro, a obra chegou a ser embargada por um dia pela Prefeitura de Ribeirão Pires porque a transferência de 2 mil l/s acabou inundando ruas e imóveis da região. Após acordo, novas obras tiverem de ser feitas para reforçar o canal e o bombeamento foi retomada gradativamente, alcançando plena carga, de 4 mil l/s, apenas no dia 11 de dezembro, segundo a Sabesp, já no período chuvoso.
Desde o dia 28 de abril, quando a Sabesp passou a divulgar diariamente o volume transferido da Billings para o Alto Tietê em seus boletins, a transposição de água está fixa em 1,7 mil l/s. Na prática, isso significa que, por dia, a estatal deixa de bombear quase 200 milhões de litros para socorrer o Alto Tietê. Em um mês, seriam 6 bilhões de litros.
A redução na transferência de água ocorre em pleno início do período seco, que vai de abril a setembro. Neste ano, a estiagem começou severa em todos os mananciais que abastecem a Grande São Paulo. O Alto Tietê, por exemplo, teve o pior volume de chuvas da história para o mês de abril, apenas 8,2 milímetros. O recorde anterior era de 19,8 mm.
Esse cenário fez com que o nível do manancial, que abastece cerca de 4,2 milhões de pessoas na porção leste da Grande São Paulo e da capital, começasse a cair. Neste domingo, 1, o índice era de 40%, considerado preocupante por especialistas em recursos hídricos para esta época do ano. Apenas o Cantareira tem volume armazenado inferior (36,3%), mas conta com reservas do volume morto.