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Visões crônicas do dia a dia

Um pé na resolução

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Por Haisem Abaki
Atualização:

Estava eu naquela pasmaceira pós-natalina, cansado da folga e doido pra voltar ao trabalho no plantão de fim de ano. Já tinha corrido vários dias na rua, ido ao cinema e até lido as previsões para geminianos em 2018. O saco já estava cheio feito o do Papai Noel. Só me faltava entrar na tradicional onda das resoluções para o próximo ano, mas esse é um tipo de coisa que tenho evitado ultimamente. Em vez de dizer o que pretendo fazer vou lá e faço. Pronto!

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O celular tocou e a conversa me tirou do estado de bichopreguicite aguda pra me fazer rir muuuuito. Era um amigo de quase 20 anos (a idade é da amizade e não dele), que queria me contar uma história e já ria antes de fazer o relato. E foi além, ao dizer que aquilo poderia virar uma crônica.

Como sempre, prestei muita atenção e já me preparei porque sabia que a diversão era certa. É um amigo beeeem espirituoso com quem me identifico muito. Tivemos situações parecidas na profissão que é a mesma e também na vida pessoal. Eu sou um pouco mais velho e talvez por isso, em alguns momentos, ele parece estar pedindo algum conselho. Quase sempre  eu conto alguma experiência que vivi e, no fim das contas, a gente dá muita risada de tudo, até porque ele quase sempre sabe o que tem que fazer e na verdade não precisa dos meus conselhos.

E, mais uma vez, a história desse baita amigo se parecia com uma que tinha acontecido comigo. Ele tem alguém muito especial que se preocupa e cuida bem dele. Alguém que percebeu que ele não sabe cortar direito as unhas dos pés e resolveu, carinhosamente, fazer o serviço.

Só que na correria de fim de ano não sobrou tempo para dar um trato naqueles pezinhos. A campainha tocou e ele tomou a precaução de não deixar aquelas unhas pontiagudas à mostra. O visitante tinha um presente nas mãos e o formato de caixa não era um bom sinal. Um par de sandálias! Que legal! Obrigado! Mas experimenta pra ver se ficou bom...

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As reticências se fazem necessárias porque meu amigo não me contou mais nada depois disso. Apenas riu muito e disse pra eu escrever uma crônica e que ele leria depois. Fiquei uns dias pensando nisso porque era algo novo pra mim. Nunca escrevi uma crônica encomendada. Mas o amigão das unhas compridas merece essa deferência. Então, daqui pra  baixo, o papo é com você, meu camarada. E desta vez eu vou lhe dar um conselho, sim.

Eu também não sei cortar as unhas dos pés. E eu também já tive alguém especial que fazia isso por mim com muito carinho. Mas chega uma hora em que a correria do dia a dia atrapalha a gente. E o "combinado" não rola por algum motivo. E se virar obrigação ou cobrança, aí é que a coisa fica encravada mesmo.

Cara, você já passou da idade de tomar uma iniciativa. Então, aproveite essa onda das tais resoluções de Ano Novo e mande bala. Eu fiz isso e não me arrependo. Siga o seu destino com os seus próprios pés! Eu recomendo sem medo de errar.

Procure uma boa podóloga, cara. Bom, na primeira vez levei minha filha junto porque simplesmente não tinha a menor noção do que deveria dizer ao chegar lá. Hoje já consigo fazer isso sozinho, olha que belezinha. Talvez a sua até agora cuidadora de unhas possa ir junto e bater um papo com a profissional. Deixe que elas se entendam e fique quietinho, apenas fazendo cara de paisagem.

Vai por mim, rapaz. É muito bom. E é sempre você que dá a última palavra. Débito ou crédito? É você que faz a escolha, meu! Viu? A decisão sempre será sua. Espero que dê certo e que a nossa amizade bem-humorada e parceira perdure para sempre, como unha e carne.

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Ah, só mais uma dica. Tem uma hora lá em que talvez você possa sentir cócegas. Mas é muito bom, companheiro. Então, relaxa e... Relaxa e... Relaxa e... Feliz Ano Novo! Pode crer que vai dar o maior pé.

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