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Visões crônicas do dia a dia

A soma de todos os atos

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Por Haisem Abaki
Atualização:

Na rua começa um ato Tirando de casa um público novato Ainda sem o costume de protestar de fato A galera cresce e a imprensa faz o relato São vinte centavos de imenso impacto E a manifestação se transforma em espalhafato Nem os analistas conseguem explicar de imediato Na visão das autoridades é quase um desacato E a polícia monta um grande aparato Mas balas de borracha e bombas só insuflam o alunato No meio da correria sempre aparece algum insensato A quebradeira provoca estupefato Os mal-intencionados passam adiante o medo e o boato E se escondem mascarados no anonimato O governante reage e diz: esse aumento eu não desato Só que cada vez chega mais gente com um assunto correlato São vários protestos no asfalto e em rede social a jato E o país da bola ganha no mundo outro estrelato A invasão da rua tira a atenção do campeonato Reclama-se do imposto ingrato Do serviço público que é caricato E da corrupção roedora como rato O hino e a bandeira viram símbolos de um povo menos cordato Os donos do poder se preocupam com o mandato Abrem mão do anel para conservar o dedo intacto E o transporte fica mais barato Mas a essa altura já não basta o desconto exato O cidadão quer mais e deixa de ser tão pacato Nas altas esferas o discurso é abstrato E a multidão segue gastando sola de sapato Sobrou pra todo mundo do petismo ao tucanato O marqueteiro saca que é hora de ter mais tato E logo sugere um aceno para contato Em tom solene a boa vontade se resume em pacto Tudo é colocado de uma vez no prato O Congresso trabalha freneticamente e põe fim ao hiato Fazendo o bem até de madrugada com cara de beato Mas teve deputado mudando de posição com jeito de gaiato Agora é trombeteada uma reforma política de fino trato A ideia sai da manga como se fosse um artefato Talvez pra acabar com alianças que parecem estelionato E cogita-se financiamento público pra candidato Por isso é bom manter o alerta e ser muito chato Olho vivo nas promessas e nas contas do extrato E chega de pagar o pato

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