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Prato Firmeza: o guia gastronômico das quebradas sai nesta terça

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Por Edison Veiga
Atualização:

 Foto: Sergio Castro/ Estadão

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Vinte reais no bolso e a o desafio de comer bem na periferia da maior metrópole do País. Dez jovens encararam a missão, descobriram preciosidades como um restaurante japonês com pegada nordestina, uma pizzaria pra lá de ideológica, uma hamburgueria vegana cheia dos trocadilhos, entre outros achados. O resultado pode ser conferido no livro Prato Firmeza: Guia Gastronômico das Quebradas de São Paulo (R$ 20, vendas pelo enoisconteudo.com.br; lançamento oficial nesta terça, 24).

O material é resultado da pesquisa de campo (e estômago) de dez alunos do curso de jornalismo que a agência-escola É Nois Conteúdo oferece anualmente a jovens comunicadores da periferia de São Paulo. "A ideia nasceu em 2009, quando começamos o projeto ainda só com jovens do bairro do Capão Redondo. Depois, tudo se tornou mais abrangente", conta a jornalista Nina Weingrill, uma das idealizadoras (no player abaixo, entrevista concedida por ela à coluna Paulistices).

Os participantes do ano passado mapearam suas regiões. Em seguida, cada um trouxe uma lista de 10 estabelecimentos que tinham valores para constar de um guia. "A importância estava na comida, é claro. Mas não só: também selecionamos lugares com boas histórias, relações afetivas com a comunidade, enfim, uma inserção no entorno", diz Nina.

A partir desse rol, foi feita uma triagem. Os 40 melhores restaurantes e lanchonetes estão na edição. "Apresentamos um olhar que prova que a gastronomia paulistana de qualidade não está limitada apenas ao centro expandido, às áreas mais nobres", afirma a idealizadora.

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 Foto: Sergio Castro/ Estadão

Um desses empolgados críticos de gastronomia de primeira viagem é o jovem Guilherme de Sousa, de 21 anos, morador de Taboão da Serra, na região metropolitana. Tecnólogo em gastronomia formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, ele se embrenhou no projeto com um certo conhecimento prévio. "Ao visitar os locais, comi e conversei com os proprietários", ressalta. "Foi uma experiência aprofundada."

Entre seus achados, está a Casa da Árvore (Av. Dr. Felipe Pinel, 305, Pirituba), um reduto do extremo oeste da cidade que concentra comida, música, grafite e skate. "É a união das melhores coisas do mundo em Pirituba", resume Sousa que, no texto publicado no guia afirma não ver "a hora de levar os amigos para atravessarem a cidade e se sentirem em casa também".

Descoberta da jovem Marcela de Paula, outra das autoras do guia, o Novos Veganos (R. Icobé, 3, Vila Marieta) foi criado a partir da percepção, dos proprietários, de que havia pouca oferta de comida vegetariana na zona leste. "Criativos, eles batizaram cada lanche com um trocadilho, em menção a algumas personalidades que lutam ou lutaram por causas sociais ou pela divulgação do vegetarianismo", conta ela. "Eddie Vegger, por exemplo, homenageia o cantor vegetariano e líder do Pearl Jam, Eddie Vedder."

Ville Japan (Rua Ana Amélia do Nascimento, 99, Jardim Marcelo), no extremo sul, é um reduto de comida japonesa com uma pitada nordestina. Tudo porque um pedreiro amigo do proprietário o desafiou a inventar um prato japonês com sabor do Nordeste. "Desafio aceito, nasceu o yakissoba que, além da tradicional massa com legumes, acompanha finas fatias de quiabo, tiras macias de filé mignon, linguiça (bem) apimentada, bacon, camarão e um ovo frito por cima", detalha Sousa.

Um dos representantes de municípios da região metropolitana a figurar no guia, o Lagartixa Preta (Rua Alcides de Queirós, 161, Casa Branca, Santo André) é mais do que uma pizzaria, é uma estratégia de resistência. "Gerida pelo coletivo anarquista Ativismo ABC a Casa da Lagartixa Preta não é um restaurante e, portanto, não tem funcionários. As pizzadas acontecem com a colaboração de todos e têm como objetivo pagar as contas da casa (como aluguel, luz, água, etc.)", conta Ísis Naomi, autora da resenha sobre o local.

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