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Paulistices, cultura geral e outras curiosidades

Lavouras urbanas se espalham por SP

Cada vez mais, empresas aproveitam espaços ociosos para montar hortas comunitárias

Por Edison Veiga
Atualização:

 Foto: Hélvio Romero/ Estadão

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A 10 minutos da Avenida Paulista, em pleno bairro da Vila Mariana, existe um cafezal com 1,6 mil pés. Na última quinta, começou a colheita da safra 2015 da tradicional (e simbólica) lavoura do Instituto Biológico. Mas não se trata da única plantação de alimentos dentro da área urbana de São Paulo.

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Atualmente, são muitas as empresas que apostam em hortinhas comunitárias como forma de integrar suas equipes, afinar um discurso ecologicamente correto e, em alguns casos, fazer o bem.

É o caso do Shopping Eldorado, na Marginal do Pinheiros (foto acima). Em 2012, a administração da empresa decidiu transformar a cobertura do complexo em horta. Contratou dois funcionários para cuidar exclusivamente da empreitada e envolveu todos os demais no processo de separação do lixo orgânico - quase 1 tonelada por dia, que vai para uma composteira e é transformada em adubo - e de colheita - quando eles podem levar as hortaliças e temperos para casa. "Hoje nossa plantação ocupa 3 mil metros quadrados", afirma Marcio Glasberg, gerente de operações do shopping.

A horta da casa de eventos EcoHouse (foto abaixo), em Pinheiros, serve para abastecer os restaurantes da rede Tantra - que são do mesmo proprietário, o chef Eric Thomas. "Um dos objetivos do projeto é provar que um restaurante pode ser independente na produção de seus insumos no local, assim diminuindo o impacto ambiental", afirma Thomas, que também ressalta o fato de poder contar com ingredientes de melhor qualidade e de forma orgânica.

 Foto: Rafael Arbex/ Estadão

O projeto foi desenvolvido há quatro anos. No período, foram plantadas folhas verdes para saladas, de forma hidropônica; flores comestíveis, como orquídeas e mini-rosas; ervas para temperos; e até árvores frutíferas, como limoeiros, parreiras e jabuticabeiras.

Também do ramo de alimentação - e com discurso "saudável" - a rede de restaurantes Salad implantou, há seis meses, uma horta em seu escritório administrativo, no Pacaembu (foto abaixo). Toda a produção é usada no preparado das refeições dos 22 funcionários que atuam na sede da empresa. O chef Gabriel Magnani sempre colhe na horta o que precisa para os almoços, e acaba acompanhando a manutenção das plantas também. A empresa ressalta que a ideia de criar a hortinha veio de uma tentativa de começar "um trabalho de dentro para fora, conscientizando os colaboradores sobre a importância de uma alimentação saudável e equilibrada".

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 Foto: Divulgação

No bairro da Água Fria, a agência de comunicação E4 também criou uma hortinha dentro do escritório - há três anos. Ali eles têm cebolinha, hortelã, manjerona, orégano, entre outras plantas - até um pé de acerola. "A produção fica para os testes que fazemos em nossa cozinha, já que somos uma agência especializada em nutrição e alimentação saudável. E, claro, para o consumo próprio do pessoal da agência", conta o diretor, Gustavo Negrini. "As acerolas também são distribuídas para os funcionários levarem para casa. Normalmente fazemos suco com elas."

Há ainda as escolas que utilizam hortinhas de forma pedagógica. É o caso da unidade do bairro da Saúde do Santa Amália. Ali, desde o ano passado, há uma plantação de 3 metros quadrados, onde são cultivados, alecrim, manjericão, salsinha, cebolinha, alface, entre outras plantas. "A cada dois meses, uma turma fica responsável pelo plantio, colheita e preparo de pratos com os produtos colhidos", explica Rafaela Yumi Montesinos, nutricionista do colégio. "O projeto serve para proporcionar um contato dos alunos com o meio ambiente."

 Foto: Hélvio Romero/ Estadão

Cafezal. No caso do cafezal da Vila Mariana (foto acima) - cuja produção anual de cerca de 500 quilos é toda distribuídas a entidades assistenciais cadastradas pelo Fundo Social de Solidariedade do Estado - a história é antiga, remonta à primeira metade do século passado. Em 1924, uma praga devastou os cafezais do Estado, causando muita preocupação, já que se tratava do principal produto da economia paulista da época. A tragédia motivou a criação, três anos mais tarde, de um órgão para realizar pesquisas científicas relacionadas ao tema. Nascia aí o Instituto Biológico. Nos primeiros anos, a instituição funcionava em seis prédios adaptados e distantes uns dos outros. Em 1945, quando a sede atual ficou pronta, foi iniciado o cafezal - que, naquele momento, servia para pesquisas.

Atualmente, essa lavoura urbana tem função didática, pedagógica e cultural: serve para que os paulistanos possam conhecer o cultivo daquele que já foi o motor da economia do Estado. "Qualquer um pode visitar, conhecer um pouco desse tipo de lavoura que é tão importante para a história paulista", diz o diretor técnico do instituto, Antonio Batista Filho. Desde 2006, sempre em maio, o Instituto realiza o início simbólico da colheita do café paulista. Inspirada em cidades francesas que fazem o mesmo com a uva, a ideia é ter um evento que marque a abertura da safra anual.

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