Vinte novos cardeais da Igreja Católica receberam o barrete vermelho, o anel e a bula de nomeação, em cerimônia presidida pelo papa Francisco na Basílica de São Pedro, no último sábado. Os novos integrantes da cúpula católica são de 16 nações diferentes, muitos da Ásia e da África. Pela primeira vez, os países de Mianmar, Tonga e Cabo Verde têm representantes no colégio cardinalício.
Nenhum dos novos nomeados é do Brasil - havia a expectativa de que o arcebispo de Salvador, d. Murilo Krieger, fosse elevado ao cargo. Apenas seis são europeus. Do total, 15 cardeais têm menos de 80 anos e, portanto, estariam aptos a eleger um novo papa caso um conclave acontecesse hoje. No total, portanto, hoje há 125 cardeais eleitores, de 56 países, de um total de 227 cardeais vivos, de 74 países. (Completarão 80 anos em 2015 quatro cardeais que passarão a lista dos não-votantes. São eles: Antonios Cardeal Naguib, patriarca emérito de Alexandria, dos coptas, Egito, em 7 de março; Justin Francis cardeal Rigali, arcebispo emérito de Filadélfia, EUA, em 19 de abril; Velásio Cardeal De Paolis, presidente emérito da Prefeitura para Assuntos econômicos da Santa Sé, em 19 de setembro; Santos Cardeal Abril Y Castelló, arcipreste da Basílica de Santa Maria Maior, em 21 de setembro.)
"Historicamente havia um teto de 120 eleitores. Mas como o papa é o legislador e está acima das normas, ele ultrapassou, está ultrapassado", avalia o teólogo e filósofo Fernando Altemeyer Júnior, professor de Ciências da Religião da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).
Papa Francisco prefere promover 'pastores' a burocratas
Altemeyer fez uma aprofundada análise sobre os novos cardeais que permite traçar algumas conclusões sobre as consequências das nomeações recentes na política do Vaticano. "Francisco tem promovido uma internacionalização do colégio cardinalício, trazendo representantes de países secundários, periféricos", comenta. "Mais que isso, ele está buscando personagens pastores, não mais burocratas ou experts em finanças. Está trazendo bispos que tenham bom contato com seu povo, com sua diocese, que sejam próximos dos padres e das comunidades. Nesse sentido, o papa está quebrando um pouco o padrão."
Utilizando dados de todos os conclaves ocorridos desde 1903 e comparando-os com os números atuais, Altemeyer mostra as mudanças da cúpula do Vaticano. Eis os pontos: