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Até 2030, mundo deve chegar a 41 megacidades

Aglomerações com mais de 10 milhões de pessoas demandarão gestão aperfeiçoada

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Por Edison Veiga
Atualização:

 Foto: Daniel Teixeira/ Estadão

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A proporção de pessoas que vivem em ambiente urbano deve saltar de 50% do total da população mundial para dois terços dos habitantes do planeta nos próximos 14 anos. A mesma projeção também indica que a quantidade de megacidades vai aumentar: em 2030, serão 41 aglomerações com mais de 10 milhões de habitantes, ante as atuais 29.

Atualmente, as regiões metropolitanas de São Paulo (foto acima) e do Rio são as únicas no País consideradas megacidades. O Brasil não deve ganhar novas aglomerações tão grandes até 2030. Por outro lado, Bogotá (foto abaixo), na Colômbia, Johannesburgo, na África do Sul, e Bangcoc, na Tailândia, são algumas das que devem entrar no rol de megacidades.

Os dados constam de relatório interno produzido em nível mundial pela seguradora Allianz. E encontram eco entre especialistas brasileiros.

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 Foto: Denise Chrispim/ Estadão

"Vale ressaltar o que está acontecendo com as grandes cidades brasileiras", aponta o arquiteto José Armênio de Brito Cruz, atual presidente da seção paulista do Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB-SP). "As taxas de crescimento demográfico vêm caindo, mas, ao mesmo tempo, há uma quantidade menor de pessoas vivendo em um mesmo domicílio. Soma-se a isso a fragilidade da nossa infraestrutura urbana e temos o grande desafio para o futuro."

Cruz acredita que a solução está no maior adensamento, justamente para otimizar a estrutura e tornar o cotidiano mais viável.

"O século 21 é o século das cidades, sem dúvida", comenta o arquiteto Valter Caldana, diretor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie. "A diferença é que não mais moraremos nas nossas casas, mas nas nossas cidades, por causa do compartilhamento e da conectividade."

O relatório prevê o surgimento, até 2030, de pelo menos duas gigacidades - aglomerações urbanas com mais de 50 milhões de habitantes: Xangai e Pequim. Há um plano do governo chinês de unir sob uma mesma gestão um conjunto de cidades da região metropolitana de Xangai, criando uma aglomeração com 170 milhões de habitantes.

"Mas a falha desse levantamento está justamente em não considerar que o mesmo fenômeno tende a acontecer no Sudeste brasileiro, uma união das metrópoles de São Paulo, Rio, Campinas, Sorocaba, Santos, Vale do Paraíba", aponta o arquiteto Lucio Gomes Machado, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (USP).

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O relatório traz ideias para atenuar os problemas nessas cidades imensas. Carros autônomos, como os que já vêm sendo testados, e uso de drones em serviços de entrega seriam alternativas para minimizar os problemas de mobilidade.

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Em nome do ambiente, prédios poderiam ganhar revestimentos com placas de algas e, cada vez mais, telhados verdes seriam necessários. Para suprir a demanda por alimentos, há projetos que viabilizam agricultura subterrânea. E essas cidades terão de ser organizadas em pequenos núcleos - para que o cidadão, no cotidiano, encare apenas curtas distâncias.

"A cidade ideal será composta por centros autônomos", diz o especialista Thomas Liesch, da Allianz Climate Solutions. "As pessoas vão viver e trabalhar em seus respectivos distritos, poupando tempo e energia. Esse tipo de desenvolvimento vai melhorar o clima e deixar mais espaço para atividades de lazer e produção de alimentos."

"As soluções não podem vir apenas da tecnologia, mas também da natureza de cada local. Tem de haver uma mescla", pondera o arquiteto Caio Dotto, do escritório Midlin Loeb+Dotto. Ele cita como exemplo da falta desse olhar o fato de São Paulo viver uma grave crise hídrica mesmo sendo tão bem servida por córregos e rios.

PARA ENTENDER

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Megacidades De acordo com o estudo, toda aglomeração urbana com mais de 10 milhões de habitantes é considerada uma megacidade.

Gigacidades O relatório também prevê a existência das gigacidades, ou seja, metrópoles com população superior a 50 milhões de habitantes.

 Foto: Edison Veiga/ Estadão

Graus de maturidade O estudo divide as grandes cidades do mundo em diferentes graus de maturidade. Lagos, na Nigéria, é um exemplo de "baixa maturidade", ou seja, reúne características como problemas de estrutura, saúde e educação, favelas completamente desorganizadas, população predominantemente jovem e crescimento demográfico alto. Na outra ponta, estão as metrópoles de "alta maturidade", como Londres (foto acima). Estas têm uma população envelhecida, planejamento urbano coordenado e infraestrutura completa - mas que precisa ser melhorada em sua eficiência, de modo a emitir menos poluentes, por exemplo. São Paulo e Rio (foto abaixo) estão classificadas como "média maturidade".

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