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Política paulistana

Pressionado pelo PT, secretário de Haddad diz ser contra assessorias de imprensa

Nunzio Briguglio afirma que terceirizar a comunicação é um 'erro' que custará 'caro' à Prefeitura no momento em que a administração municipal contrata empresas para gerenciar ações das áreas de Saúde, Educação, Transportes e das subprefeituras

Por Diego Zanchetta
Atualização:

COM BRUNO RIBEIRO

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 O secretário de Comunicação de Fernando Haddad (PT), Nunzio Briguglio, disse nesta segunda-feira, 2, durante uma sabatina promovida pela própria Prefeitura, que é contra a contratação de assessorias de imprensa para cuidar da comunicação da Prefeitura de São Paulo. A gestão Haddad cedeu a pressões do PT e lançou, no último sábado, uma licitação que prevê a entrada de assessorias nas secretarias mais importantes da Prefeitura, como Saúde, Educação, Transportes e Subprefeituras.

"Vou deixar claro aqui o seguinte: sou contra. Desde o começo fui. Sou contra empresas de assessoria de comunicação. Acho que terceirizar a comunicação do Estado é um equívoco, que mais dia ou menos dia nós vamos pagar e vamos pagar caro. Recebi do meu antecessor na Prefeitura de São Paulo menos do que uma folha de papel A4. Ele não tinha acervo de nada porque estava tudo fora da Prefeitura. Ou seja: o Estado abriu mão do próprio acervo de comunicação. Não gostaria de cometer esse erro", disse, durante a sabatina, promovida pelo projeto São Paula Aberta, de ações para transparência na gestão pública. O evento ocorreu no Centro Cultural São Paulo.

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A fala é mais um capítulo na disputa pela verba de comunicação e pelo controle das ações de mídia da gestão Haddad. A entrada das assessorias vinha sendo barrada por Briguglio desde o começo da gestão petista, no ano passado. O gasto mensal com o serviço chegou a ser, na gestão anterior, de cerca de R$ 2 milhões. Ao criar essa barreira, Briguglio começou a ser alvo de críticas da bancada do PT na Câmara Municipal -- por supostamente não divulgar adequadamente os feitos da gestão Haddad.

"Tenho que admitir que algumas áreas carecem de um projeto de comunicação mais específico, atuação mais localizada. Por exemplo: a secretaria de Educação tem um público interno de professores, diretos, pais de alunos, que eu não consigo atingir com Estadão, Folha, CBN. Não consigo medir a forma que eu entro nesse público. Esse público precisa de uma ação de comunicação localizada, especifica. Aí, a empresa de comunicação pode me ajudar", argumentou o secretário, ao justificar seus motivos para ter cedido e seguido com essas contratações.

Haddad não conseguiu resistir às críticas petistas sobre sua área de comunicações e transferiu, há cerca de um mês, a gestão da verba de publicidade da Prefeitura, estimada em R$ 150 milhões, para a Secretaria Municipal de Governo, sob responsabilidade do ex-vereador Chico Macena, homem muito mais próximo à política municipal.

Na sabatina, Briguglio também deu sua versão para a perda dessa verba: "Foi uma decisão do prefeito. Eu estava meio adoentado, minha equipe é pequena, e havia exigência de outra dinâmica da publicidade. A publicidade sobre uma pressão imensa na cidade de São Paulo. Pergunte para o Márcio Aith (encarregado da comunicação do governo do Estado) e ele vai dizer o mesmo. São 240 jornais de bairro que te ligam diariamente, fora outras publicações. Se exige, como se fosse uma obrigação da Prefeitura, ter determinado comportamento como anunciante", disse.

"Tenho uma postura muito republicana quanto a isto. O prefeito achou por bem passar isso para a secretaria de Governo e me aliviar um pouco desta carga, que era pesada, para que eu pudesse cuidar mais da comunicação digital e do jornalismo, que são as áreas que me são mais caras, mais afetas", completou o secretário.

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Briguglio comentou publicamente, pela primeira vez, as críticas que tem recebido da bancada petista: "Acho que a bancada do PT na Câmara Municipal é formada por comunicadores renomados e que possuem cases de sucesso impressionantes. Vou me abster das criticas. É um direito deles me criticarem e me acusarem do que quer que seja. Não preciso me autoafirmar, não sou candidato a nada, não disputo voto com ninguém e o reconhecimento que eu cultivo é dos meus pares".

Confira a sabatina com o secretário Biguglio:

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